O deputado Adriano Galdino (PSB), ex-presidente da Assembleia Legislativa, colecionou uma torrente de críticas por opiniões que emitiu nas últimas 48 horas sobre o futuro do governador Ricardo Coutinho. Ele defendeu o ponto de vista de que o chefe do Executivo deveria permanecer no governo até o último dia de mandato como estratégia para eleger o sucessor, de quem passaria a ser uma espécie de supersecretário numa hipotética futura gestão. Galdino deu a entender, também, que, no contexto, Ricardo poderia voltar a disputar a prefeitura de João Pessoa, em 2020. O governador foi eleito duas vezes consecutivas para a edilidade pessoense.
Apesar de ter explicado que as sugestões formuladas objetivam fortalecer o projeto de poder do esquema político liderado pelo governador Ricardo Coutinho, por ele considerado como avançado e importantíssimo para o Estado e depois de ter lembrado que RC foi cogitado, inclusive, para ser o candidato do PSB nacional a presidente da República, Galdino teria dado um tiro no pé ao propor que o governador desista de um mandato de senador e seja apenas subalterno do candidato (ou candidata) que conseguisse eleger ao governo em 2018. Este foi o raciocínio manifestado, ontem, tanto por parlamentares da base de apoio ao governador como por deputados que fazem oposição a Ricardo na Assembleia Legislativa.
Partiu do deputado Bruno Cunha Lima, do PSDB, a ironia mais contundente à pregação de Galdino – que foi candidato a prefeito de Campina Grande em 2016, não logrou sequer contribuir para provocar um segundo turno e, por um tempo, remoeu mágoas do governador Ricardo, com quem se reconciliou. “O que o deputado Adriano Galdino está propondo é o retorno do capachismo, dando a entender que o governador não quer um candidato para vencer eleições, mas, sim, um capacho para chamar de seu”, frisou Bruno Cunha Lima. O ex-deputado federal e atual vice-prefeito de João Pessoa, Manoel Júnior, do PMDB, salientou que no Brasil o regime é presidencialista, no qual imperam as figuras do presidente da República, governadores e prefeitos de Capitais e outras cidades. “Para ser viabilizada a tese de Adriano Galdino, teria que ocorrer uma mudança na Constituição, o que, honestamente, não está em cogitação”, asseverou Manoel Júnior.
Nonato Guedes