O prefeito de João Pessoa, Luciano Cartaxo (PSD), concentra esforços numa operação para manter a unidade dos partidos que o apoiaram na campanha à reeleição em 2016, sobretudo o PMDB e o PSDB. Ele quer evitar dispersão de forças no embate eleitoral do próximo ano, quando poderá ser o candidato do bloco à sucessão do governador Ricardo Coutinho. Apurou-se ontem à noite que Cartaxo ficou preocupado com as declarações do senador José Maranhão (PMDB) e do prefeito de Campina Grande, Romero Rodrigues (PSDB), de que essas legendas cogitam lançar candidaturas próprias ao Palácio da Redenção em 2018.
O PMDB é o mais pressionado por contar com o vice-prefeito da Capital, que é o ex-deputado federal Manoel Júnior, possivelmente com chances de assumir a titularidade com uma eventual renúncia de Cartaxo para disputar o governo estadual. Uma vez efetivado como titular, Júnior poderá sonhar com a hipótese de reeleição à prefeitura da Capital, num prélio em que poderá ter pela frente o atual governador e prefeito por duas vezes Ricardo Coutinho. Quanto a Cartaxo, embora seja monotemático ao dizer que seu foco é na continuidade da gestão municipal, em nenhum momento deixou de processar articulações políticas a fim de encaixar o seu próprio futuro, revelou uma fonte que é ligada a ele, “em off”.
O gestor da Capital conta com o empenho do deputado federal Rômulo Gouveia, presidente do PSD, para vencer resistências no PSDB a uma provável postulação sua ao governo. A ofensiva maior no ninho tucano parte do atual prefeito de Campina Grande, Romero Rodrigues, que tem insinuado a perspectiva de candidatura própria do partido ao governo, colocando como prioridade o nome do senador Cássio Cunha Lima e em segundo plano o seu próprio nome. Cássio tem evitado imiscuir-se nas discussões internas para se reservar para o papel de árbitro de conflitos que por acaso continuem pairando em 2018.
A principal alegação de Cartaxo a fim de manter coesa a frente decisiva para sua reeleição à prefeitura já em primeiro turno é a de que o adversário comum a ser enfrentado é o governador Ricardo Coutinho, do PSB, que estaria vulnerável em termos de nomes a serem lançados à sua sucessão. Mas o prefeito também opera com velocidade com o objetivo de desmontar a instauração de uma Comissão Parlamentar de Inquérito destinada a apurar irregularidades na licitação para reforma nas obras da Lagoa do Parque Solon de Lucena, o que foi alvo de operação policial na semana passada.
Os assessores de Luciano avaliam a dimensão do estrago à sua imagem por conta da exploração feita por adversários políticos, já que, pessoalmente, o prefeito não foi arrolado em processos e ainda se ofereceu para colaborar com as investigações em torno do assunto. O vereador Bruno Farias alertou, sem citar nomes, que a população da Capital paraibana foi lesada em seis milhões de reais, e que este é um montante preocupante, capaz de originar o aprofundamento de investigações de responsabilidades. Hoje, é o aniversário do prefeito e do seu irmão, Lucélio Cartaxo. Os dois são gêmeos.
Nonato Guedes