O julgamento da chapa Dilma Rousseff-Michel Temer pelo Tribunal Superior Eleitoral em Brasília ingressa, hoje, na fase decisiva, com pronúncia de votos pelos ministros sobre questões agitadas por acusação e defesa. Nas chamadas preliminares, foram sinalizados posicionamentos de integrantes da Corte que podem confirmar projeções de absolvição da chapa por 4 votos a 3. A ação em debate remonta à campanha eleitoral de 2014 e foi provocada pelo PSDB alegando irregularidades na vitória da chapa originalmente encabeçada pela petista Dilma Rousseff, que já foi afastada por impeachment, tendo como companheiro de chapa o peemedebista Michel Temer.
Investido por enquanto na presidência da República, Temer mantém um otimismo surpreendente que ele define como necessário. Nas manifestações que faz, ele evidencia que ficará à frente do Palácio do Planalto até o final de 2018. A tática tem sido a de aparentar normalidade diante do julgamento que repercute na mídia internacional. Num anúncio do Plano Safra, Temer conclamou a população brasileira a apostar positivamente no desempenho da atividade agrícola. Ressaltou o empenho hercúleo que vem tendo para promover a recuperação da economia e dotar o país de um ano mais próspero, sem espaço para improvisações. Apesar do triunfalismo de Temer, o clima no Planalto não acompanha o seu humor. Há uma expectativa de que a Procuradoria Geral da República apresente denúncia contra o mandatário na semana que vem.
A estratégia do Partido dos Trabalhadores, aliás, tem sido a de prolongar a “sangria” de Michel Temer, a quem a cúpula petista trata como traidor por supostamente ter conspirado para o impeachment de Dilma, movido pela ambição de substituí-la. Temer luta para não se tornar réu e ser afastado temporariamente do cargo – para isso, precisa do apoio de 172 parlamentares na Câmara. No afã de preservar sua permanência, tem negociado apoio com o chamado “Centrão”, agrupamento composto por siglas como o PP, PR, PSD e PTB. Há interesse quanto à posição que venha a ser tomada pelo PSDB, legenda que está sob o comando interino do senador cearense Tasso Jereissati desde que Aécio Neves foi afastado do mandato. Ontem, Jereissati revelou que segunda-feira é a data-limite para que o partido decida sobre sua permanência no governo do presidente Temer. A Executiva nacional do PSDB convocou uma reunião para aquela data, às 17h, em Brasília, a fim de discutir o posicionamento. Já o presidente nacional do PTB, Roberto Jefferson, foi mais afirmativo. Ele disse que ofereceu o “ombro amigo” a Michel Temer diante da atual crise política e que seu partido será contrário a uma eventual denúncia originária da PGR contra o mandatário. Jefferson foi pivôt do escândalo do mensalão, que eclodiu no primeiro governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Nonato Guedes