Francisco de Assis Moraes Souza, conhecido como “Mão Santa”, o primeiro governador cassado na história do Brasil, declarou estar “enojado” com o comportamento do Tribunal Superior Eleitoral, ao comentar a absolvição da chapa Dilma Rousseff-Michel Temer, vitoriosa nas eleições de 2014. “Mão Santa” foi cassado pelo mesmo Tribunal em 2001 quando estava no exercício do governo do Piauí, sob acusação de abuso de poder político e econômico nas eleições de 1998 quando ascendeu ao Executivo.
Atualmente prefeito de Parnaíba, segunda cidade mais populosa do Piauí, filiado ao Solidariedade depois de ter deixado os quadros do PMDB, “Mão Santa” fez o desabafo quando entrevistado pela “Folha de São Paulo” em meio ao desfecho do julgamento que absolveu a chapa Dilma-Temer de acusações idênticas às que influenciaram na cassação do ex-governador. A alcunha de “Mão Santa” foi dada pela condição de Francisco de Assis Moraes Souza como médico proctologista. Ele acabou se tornando uma figura folclórica por causa dos discursos pronunciados em tribunas distintas.
“Mão Santa” queixou-se de punição injusta, explicando que como governador deu luz e remédios de graça aos pobres, mandou distribuir sopa e reduziu a conta de água dos usuários do seu Estado. “Por isso me tiraram o mandato”, protesta ele. Na época, o Tribunal Superior Eleitoral era presidido por Nelson Jobim. Mesmo depois de ter o mandato de governador cassado, “Mão Santa” logrou se eleger senador em 2002. Era conhecido no Congresso pela expressão “Atentai bem!” com que ilustrava seus discursos, num esforço para dar ênfase e chamar a atenção para assuntos que abordava. Ele foi governador na mesma época em que José Maranhão se investiu no governo da Paraíba, com a morte de Antônio Mariz. “Mão Santa” esteve algumas vezes na Paraíba para trocar informações com Maranhão, tendo como ponto de partida a unidade das lideranças políticas nordestinas em favor dos interesses da região.
Em Brasília, depois da decisão do TSE que o beneficiou com a permanência no governo, o presidente Michel Temer aprofundou as conversações com líderes políticos a fim de acelerar a aprovação de reformas que considera indispensáveis à governabilidade do país. É grande a expectativa quanto à posição que o PSDB vai tomar amanhã, sobre a continuidade ou não do apoio ao governo de Michel Temer. O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que estava no exterior, já retornou ao Brasil para acompanhar de perto as discussões com seus companheiros de partido a respeito da conjuntura.
Nonato Guedes, com informações da Folha de São Paulo