Recém-eleita para a presidência nacional do Partido dos Trabalhadores, a senadora Gleisi Hoffmann (PR) afirmou em entrevista à “CartaCapital” que apoia a proposta de “Diretas Já” e não admite a participação de líderes petistas em negociações sobre candidaturas indiretas. “Se não participamos do Colégio Eleitoral em 1985, no fim da ditadura militar, por que participaríamos agora, em meio a um golpe?”, justifica a senadora, primeira mulher eleita para presidir o PT nos 37 anos de história da legenda.
Gleisi é enfática ao advertir que não há ninguém autorizado pelo partido a levar adiante qualquer tipo de conversação no rumo de eleições indiretas. E acrescenta: “Não há saída para a crise política sem chamar o povo para decidir o seu futuro. Qualquer conchavo, qualquer tentativa de solução de cúpula, não terá legitimidade, não será bem recebida pelo País”. Mesmo reconhecendo que o ambiente no Congresso não é favorável, a presidente nacional do PT se dispõe a mobilizar a população contra supostas reformas encaminhadas pelo presidente ao Congresso. “Estamos fortalecendo as lutas populares. É o que temos feito desde o impeachment de Dilma Rousseff”, assinalou.
Para Gleisi, o PT tem de investir nas manifestações de rua, daí porque ela considera muito importante a greve geral que está sendo articulada para o dia 30 de junho. Mesmo reconhecendo os equívocos da política econômica de Dilma Rousseff, Gleisi Hoffmann promete reagir ao que chama de “fraude” de uma eleição indireta para presidente da República excluindo a figura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A senadora paranaense critica o “oportunismo dos promotores do impeachment de Dilma, que agora demonstram apego excessivo ao legalismo para defender eleições indiretas, invocando o artigo 16 da Constituição. E fulmina: “Esse oportunismo político é inteiramente absurdo. Eles rasgaram a Constituição ao promover um impeachment sem crime de responsabilidade, aprovaram uma emenda constitucional que congela investimentos por 20 anos, desvinculando recursos da Educação e daa Saúde e agora invocam a Constituição para dizer que precisamos de estabilidade no País”.
A presidente nacional do PT assegura que não há provas contra o ex-presidente Lula e insiste em que seria uma fraude, antidemocrática, alijar um candidato que tem 40% de votos espontâneos nas pesquisas de intenção de sufrágios. “Apesar da caçada judicial, não há provas concretas contra Lula. Existem muitas teses levantadas pelo Judiciário, baseadas em delações premiadas nunca comprovadas, com o claro objetivo de inviabilizá-lo politicamente. Ema guerra, o objetivo é destruir o inimigo. Não podem destruí-lo fisicamente, então atacam a sua honra. Não vamos aceitar isso. Uma liderança com 40% das intenções espontâneas de voto não pode ser alijada de uma eleição. Isso seria uma violência à democracia, uma fraude. E fraude a gente denuncia”, expressou Gleisi Hoffmann. Dizendo não ter dúvidas de que a questão econômica foi determinante para que os adversários angariassem apoio popular ao ‘golpe’, a presidente nacional do PT conclui alertando que o Congresso está desfigurando a Constituição sem um debate às claras com a sociedade.
Nonato Guedes