Pelo menos dez governadores serão recebidos hoje, no Palácio da Alvorada, em Brasília, pelo presidente Michel Temer, em um movimento para tentar demonstrar força política e oferecer um alívio financeiro aos caixas estaduais. Um dos principais organizadores do encontro é o governador de Goiás, Marconi Perillo, do PSDB, partido que sofre pressões de deputados e senadores para romper com o governo Temer e devolver cargos que ocupa na Esplanada dos Ministérios. O contraponto ao movimento dos parlamentares é representado pelos governadores, que defendem a manutenção do apoio à gestão Temer.
Está prevista a participação, no encontro, do ministro da Fazenda, Henrique Meireles, e do presidente do BNDES, Paulo Rabello de Castro. A pauta oficial, conforme o Planalto, trata da negociação de dívidas dos Estados com o governo federal e discussão das condições de linhas de financiamento disponibilizadas aos Estados pelo BNDES. A estratégia do Palácio do Planalto é a de tentar reforçar a aproximação entre Temer e governadores de diversos partidos, em busca de apoio político para atravessar a crise que se abriu com as acusações feitas ao presidente por empresários da JBS, um dos quais gravou conversa com o presidente no seu gabinete.
Em vídeo divulgado nas redes sociais, o presidente Michel Temer afirmou que não permite interferência de um Poder em outro. “Nas democracias modernas, nenhum poder impõe sua vontade ao outro. O único soberano é o povo e não um só dos poderes, muito menos aqueles que eventualmente exerçam o poder. Sob meu governo, o Executivo tem seguido fielmente essa determinação: não interfiro nem permito interferência indevida de um poder sobre outro. Em hipótese alguma, nenhuma intromissão foi ou será consentida”, garantiu. Mencionando a independência e harmonia entre os poderes, o presidente evidenciou os chamados princípios fundamentais impostos pela Constituição Federal.
O ministro Edson Fachin prorrogou em cinco dias o prazo para a Polícia Federal relatar o inquérito que investiga o presidente Temer por suspeita de corrupção passiva, obstrução da Justiça e organização criminosa. Inicialmente, o prazo de dez dias concedido para a conclusão da investigação acabaria hoje mas a Polícia Federal requereu prorrogação na semana passada. O ministro Fachin determinou que a investigação cumpra os prazos previstos no Código de Processo Penal para casos em que há investigado preso – de dez dias a partir da data da prisão. Em tese, após o inquérito ser concluído pela PF, a Procuradoria-Geral da República tem até cinco dias para oferecer denúncia ou pedir o seu arquivamento.
Nonato Guedes, com Folhapress