Expoentes do PSDB da Paraíba, falando “em off” a este site, não pouparam de críticas o prefeito licenciado de João Pessoa, Luciano Cartaxo (PSD) – atualmente em viagem pela Espanha – por não aprofundar diálogo com o prefeito reeleito de Campina Grande, o tucano Romero Rodrigues, sobre a disputa ao governo do Estado em 2018. Luciano tem tido seu nome cogitado para candidato a governador de uma frente de oposições a Ricardo Coutinho mas despista alegando que seu foco é administrativo e só discutirá a eleição no ano da eleição. Romero, que se lançou como alternativa no ninho tucano, tem tentado, sem êxito, canais de aproximação com o gestor da Capital.
Na campanha de Luciano à reeleição em 2016, enfrentando a candidata Cida Ramos, lançada pelo governador Ricardo Coutinho, o senador Cássio Cunha Lima, principal liderança do PSDB, manifestou apoio ao gestor do PSD. Cartaxo já se compôs com José Maranhão (PMDB) e Ricardo Coutinho (PSB) mas até então não havia feito aliança com Cássio. Um influente prócer do PSDB paraibano comparou que Cartaxo está agindo como se fosse “a Hóstia” – ou seja, dá a impressão de que quer ser apoiado mas não vai procurar apoios. A alusão à “Hóstia” foi feita numa referência à citação do falecido deputado Edivaldo Motta ao ex-senador e ex-governador Antônio Mariz. Em tom de brincadeira, mas deixando entrever uma pitada de seriedade, Motta dizia que como candidato presumido ao governo do Estado Mariz agia como se fosse “a Hóstia consagrada”, explicando: “Se o fiel não for até à Hóstia e comungar, ela não irá até o fiel”.
A comparação de Edivaldo Motta levou pessoas muito próximas a Mariz a afirmarem que o político sousense era tímido e que por isto tinha dificuldade para pedir apoios a uma eventual candidatura ao governo (ele foi candidato por via indireta em 78 e perdeu para Tarcísio Burity; disputou nas diretas em 82 e perdeu para Wilson Braga; em 94, Mariz venceu Lúcia Braga, mas não teve condições de saúde para governar, falecendo no primeiro ano do seu mandato, que foi concluído por José Maranhão). O prócer tucano que censurou o comportamento de Cartaxo chamou a atenção para o fato de que Romero Rodrigues desenvolve uma trajetória quase coincidente com a de Luciano – a partir do fato de que foram reeleitos em primeirro turno em 2016, dirigem as duas maiores cidades do Estado e, consequentemente, os dois maiores colégios eleitorais e têm cacife para concorrer ao governo, alinhando-se na oposição ao governador Ricardo Coutinho. “Desse ponto de vista da conjuntura ampla, estão praticamente nivelados”, preveniu o informante, ponderando que falta a Cartaxo “humildade” para reconhecer o peso de Romero no meridiano da sucessão estadual.
Por enquanto, a discussão sobre candidatura própria dentro do PSDB está em banho-Maria, o que não quer dizer que a hipótese esteja descartada. O próprio presidente estadual do partido, ex-deputado Ruy Carneiro, admitiu, ontem, numa entrevista a este site, que Romero é uma alternativa que agrega ou soma no esquema oposicionista e detém capilaridade política, além do fato de ter afinidade com o senador Cássio Cunha Lima, em decorrência, inclusive, da militância construída por ambos a partir de Campina Grande. Daí a exortação para que o prefeito de João Pessoa seja mais “diplomático” ou “flexível” e despreze por completo qualquer postura de arrogância no processo preliminar de discussões para a formação de uma chapa em 2018.
Por Nonato Guedes