Enquanto o presidente Michel Temer fecha o roteiro de uma viagem ao exterior na próxima semana, envolvendo passagem pela Rússia e Noruega, o PSDB está atento para desembarcar do governo federal caso o senador afastado Aécio Neves, representante de Minas Gerais, seja preso por decisão do Pleno do Supremo Tribunal Federal na terça-feira próxima. O colunista Leandro Mazzini, que assina “Esplanada”, publicada em vários jornais do país, inclusive, no “Correio da Paraíba”, revela que Aécio está apavorado, sem saída política e enfrentando dura pressão dos próprios pares para deixar o partido.
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso tem feito apelos nos últimos dias em favor de soluções conciliadores e chegou-se a cogitar em Brasília a possibilidade de um encontro dele com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para discussão da conjuntura. Pessoalmente, Fernando Henrique tem dito que a renúncia do presidente Temer é a melhor alternativa, indicando que ele não agrega mais condições para se manter no exercício do cargo. Já Aécio, que ainda controla a maioria na Executiva do PSDB, utiliza os seus delegados dentro de uma estratégia para empurrar a responsabilidade do seu futuro para o governo, como se dependesse do Palácio do Planalto o voto de cada ministro do Supremo.
O recado que tem sido passado pela tropa aecista é no sentido de que ele não caia sozinho. O PSDB aproveita o fato de ainda estar na base de sustentação do governo Temer para adiar a decisão até que a situação de Aécio seja resolvida. O partido leva em conta a importância emblemática de Aécio, como neto do ex-presidente Tancredo Neves, como ex-governador de Minas Gerais, como ex-presidente nacional do PSDB e como ex-candidato a presidente da República contra Dilma Riusseff em 2014. Líderes do Partido dos Trabalhadores, por sua vez, não parecem nem um pouco preocupados com o drama quee acomete o governo Temer e seus aliados. Na verdade, de acordo com fontes de Brasília, os petistas comemoram o cenário que avaliam como desfavorável e irreversivelmente desgastante para Temer e aliados.
Um exemplo da postura petista é a declaração do deputado Henrique Fontana: “Acordos entre PMDB e PSDB para sustentar Michel Temer são exemplos típicos do chamado abraço de afogados”. O advogado de Aécio, Alberto Zacharias Toron, pleiteou ontem ao Supremo Tribunal Federal que adie o julgamento do novo pedido de prisão do parlamentar afastado feito pelo procurador-geral da República Rodrigo Janot. O ministro Marco Aurélio, relator do caso no Supremo, pretende julgar dois recursos – um de Aécio e outro da Procuradoria Geral da República na próxima terça-feira na Primeira Turma do Tribunal. O recurso de Aécio pede a revogação da medida que o afastou do mandato de senador. Já a PGR pediu novamente a prisão do tucano, negada no mês passado pelo ministro Edson Fachin sob alegação de que ele goza de imunidade parlamentar. Janot argumenta no novo pedido qque mesmo afastado Aécio publicou em redes sociais a foto de uma reunião política da qual participou, o que demonstraria que ele mantém sua influ~encia e, consequentemente, poder para atrapalhar as investigações.
Nonato Guedes, com sites e agências