Está circulando nos grupos de WhatsApp mensagem assinada pelo médico Waldir Pedrosa Dias de Amorim, que foi encontrado morto após pular do quinto andar de um edifício no Cabo Branco, em João Pessoa.
Originalmente, a mensagem é um relato à Delegacia da Mulher em que o médico acusa Tatianne Mendes Lomonaco de tentar passar-se por sua esposa para tirar proveito financeiro. Ele ressalta que descobriu tardíamente a alegada “chantagem” e que tentou contornar o golpe, mas a esta altura estava fragilizado. Não esconde seu profundo desapontamento com tudo o que enfrentou, nega qualquer agressão perpetrada contra Tatianne e historia episódios que, conforme ele, o deixaram envergonhado a ponto de recorrer ao gesto extremo do suicídio.
Na íntegra, o texto do médico Waldir Pedrosa, dirigido à Delegada do Idoso:
“Doutora Delegada do Idoso. Defendam o idoso e filtrem a Delegacia da Mulher, que recebe casos sem filtro de toda parte feminina. Sou vítima de um destes; minha consciência e rigidez me fará (sic) pagar com a vida, com minha consciência e com a minha idoneidade que sempre tive e assumi junto ao profissionalismo diante da comunidade de toda a Paraíba e do Brasil. Foram longos anos de probidade e um legado humano e médico em favor dos meus clientes de qualquer parte. Tive filhos, ex-esposa e agregados, em favor da ética. Etsa traduz-se nos meus filhos, ex-esposa e agregados. Nunca visamos o lucro de qualquer espécie, senão tratar o ser humano como tal, com proficiência e integridade. Vejo-me diante de um quadro kafkiano. As primeiras prerrogativas de agressão à mulher são falhas no sentido de que não agredi; defendi-me o quão levemente de uma ação coercitiva da mulher Tatianne Mendes Lomonaco, com a qual tivera um relacionamento amoroso, fugaz, pois havia terminado. Esta Tatianne, que não desejava considerar-me namorado, mas marido, com união estável, o que lá lhe aprouvesse, desde o início. Não percebi a artimanha há bom tempo, senão com o passar das rusgas e da minha fragilidade. Sim, nós homens e especialmente idosos somos frágeis e vulneráveis. Minha primeira atitude frente a encher-me de bens que não eram meus, comuns, foi devolver-lhe através do meu filho.
Passei por muitas provas confusas na relação. A primeira foi de pensá-la como uma mulher desequilibrada e constatar com sua psicoterapeuta, e esta dizer que há mais de um ano não era sua terapeuta. Médicos preferem às vezes compreender situações antes de julgá-las. Pensei na sua relação com um pai alcoolista e sua fixação em mim como indivíduo idealizado por ter-me conhecido, sem que a percebesse, como o médico do seu ex-sogro, nominado e notável médico gineco-obstetra. Foram anos em que me assediava no consultório ou através do aplicativo Messenger e outras incursões como dizer que eu gostava de Cravo (música renascentista) e deixar-me DVD do filme Amadeus, Mozart. Culminou por ir ao meu consultório e pedir-me para faser sexo consigo no próprio consultório. Na minha vida de clínico nunca assenti ceder ao assédio de paciente e congêneres. Para mim, uma questão ética, mesmo ela nunca havia sido minha paciente mas ex-esposa de um aluno meu, a quem o pai fora meu paciente numa difícil situação. Os assédios eletrônicos não pararam.
Num determinado ano e dia de rompimento da minha relação conjugal, assenti encontrar-me com ela num motel. Daí em diante minha vida transformou-se, com esta querendo considerar-se minha mulher, enchendo meu kitinete de roupas e utensílios e eu os devolvendo, como já referi. Me aprontou todas – escândalos, quebra de objetos de arte, quebra do meu computador Mac, enterrar minhas chaves do carro num vaso de plantas, entre outras agressões verbais e físicas. Minha fragilidade humana me fez suportar denúncias descabidas na Delegacia da Mulher, quando, de fato, ela era o agente coator e provocador. Valendo-se de possuir tez muito branca, e sensível a hematomas, me processou e fez análise de corpo delito como sendo eu o provocador e, vejam, alguns dias após o supostamente acontecido. Na segunda vez, agora graciosamente, ligou para a Delegacia e fomos conduzidos à Delegacia da Mulher sem que qualquer fato ocorresse da minha parte, fato presenciado por todos os policiais civis e por minha diarista Claudiana Firmino da Silva, arrolada por mim como testemunha, mesmo sendo uma pessoa por ela indicada para este ofício. O que antes houvera de anormal fora discutir sobre um pacto pré-nupcial por escrito, já que falavam mundos e fundos da sua riqueza e eu acostava-me em minha condição de aposentado, trabalhando duramente, dignamente, para sobreviver, no único ofício que bem desempenho, que é a medicina clínica. Desde que a Delegacia da Mulher, em seus legítimos preceitos, me impôs afastar-me do apartamento que aluguei e pago com meus parcos vencimentos, não comuniquei-me com a Tatianne; ao contrário. Venho recebendo constantes chamadas telefônicas e por Shats App, venho recebendo mensagens provocativas, de cunho sexual, e outros. Assumi, no mínimo constrangido e desrespeitado, vítima de um golpe de uma mulher específica contra o ser humano idoso que sou sem nunca haver tido um olhar à prática discriminativa à mulher ou quem quer que seja em toda a minha vida.
Tenho 68 anos e farei 69 em novembro, com muito orgulho de ser uma pessoa pacata, sem antecedentes criminais e devotado em meu ofício de médico e professor de Medicina, e especialmente aos meus clientes públicos ou privados, ao ser humano em sua integralidade. Considero-me vítima de um golpe que atenta contra a dignidade humana. Compareci a todos os julgamentos oriundos da minha primeira intimação. Resisto e acuso a pessoa de Tatianne Mendes Lomonaco por apossar-se de meus bens e moradia para tal fim, numa atitude peremptória de tirar proveito pessoal. Minha vida não me pertence mas a responsabilizo diante de tudo o que possa restar, em termos de coerção, provocação e atos moral e psicologicamente ilícitos contra a minha pessoa, assim como responsabilizo sua família, conivente com o mal-estar social que os seus agressores provocam em seus ditos e acatados descontroles pessoais. Mantê-los distantes ou à mercê de alguém é, além de um ato de desamor, de irresponsabilidade. Tatianne Mendes Lomonaco justificou-me as últimas agressões que me fez por encontrar-se drogada. Toda a sua família é consciente do fato e da pessoa que ela representa no plano psico-familiar e social. Sua mãe sua cunhada estiveram no meu apartamento e não são inocentes quanto à condição de Tatianne Mendes Lomonaco. Eu, certamente, fui o último a ter consciência e a iludir-me em ajudá-la. Talvez hoje eu perca a vida…Waldir Pedrosa Dias de Amorim”.
Por Nonato Guedes