A primeira tentativa foi minha. De há muito idealizava a necessidade de encarar de vez o desafio tecnológico, refletido na adesão ao jornalismo eletrônico. Leituras de sucessivas publicações que acumulo no meu escritório sinalizavam-me essa direção, ensinaram-me meandros da simbiose mídia impressa-mídia digital, que sobrevive com êxito, em influentes centros urbanos do Brasil e do exterior. Todo o corolário se afunilará, no final das contas, na mídia digital. É a que chega para ficar. De modo que, tendo contado com a solidariedade de minha mulher, Bernadeth, a saudade das redações, das neuroses do impresso, da busca pela notícia exclusiva, rendi-me às evidências solares.
Não sou de brigar com fatos, nunca fui, por saber que é bobagem esse exercício aparentemente heroico, romântico, que não fascina ninguém mais. Os fatos são irreversíveis, goste-se ou não deles. Como dizia o doutor Ulysses Guimarães, o que há é Sua Excelência o Fato. E isto diz tudo, resume a ópera, dispensa teorias acadêmicas que alguns ainda insistem ou se obstinam em produzir, verdadeiros cartapácios de nulidades argumentativas. A adaptação a fatos não significa submissão. O homem pode controlar acontecimentos se tiver o mínimo de acesso, de influência ou, sobretudo, de informação – que é Conhecimento. Nunca desprezei a informação, em qualquer tempo – estivesse ou não ajoujado a veículos de comunicação, tivesse ou não uma Carteira Profissional regularmente assinada. Quem sabe faz a hora, não espera acontecer, já cantava o paraibano Geraldo Vandré, de outras revoluções políticas, que constituíram cortes epistemológicos transcendentais na história.
Ninguém é dono da verdade. E não é verdade que haja a verdade absoluta. O jornalismo é o instrumento, o emissário em que a sociedade confia para se informar corretamente sobre os acontecimentos. O jornalista verdadeiro sabe que o fato tem múltiplas versões, que ele não comporta apenas a primeira notícia, aquela que chega, com o impacto pronto, redondo, para, inclusive, doutrinar o jornalista, se ele não tiver o mínimo de embasamento para confrontar joio e trigo e fazer a separação necessária, providencial – aquela que se impõe, por verdadeira, cristalina, transparente ao extremo. Na minha vida de repórter, que nunca deixei de ser, jamais desprezei uma dica, um rumor qualquer, de quem quer que seja. As melhores fontes não estão necessariamente próximas do poder. Podem estar, por exemplo, obscuras nos “in box” de redes sociais, onde confidências são transmitidas sobre fatos que virão, ou não, notícias.
Os jornalistas conhecem muito bem esse bê-a-bá, mas o grande público nem sempre está inteirado dos bastidores – nome que dei à minha primeira incursão autônoma na seara jornalística-editorial, quer no impresso, quer no eletrônico. Falhei nas duas versões por ene fatores que não me dou à pachorra de enumerar. Quem me acompanha de perto sabe o que aconteceu, como aconteceu e quem foi quem nesse contencioso todo. Mágoas, nenhuma, com toda a sinceridade. Não cultivei víboras no peito para estarem me atormentando o tempo todo com pesadelos que não me pertenciam, que tinham assinaturas diferentes, segundo me foi possível psicografar. Veio o mano Linaldo Guedes, o mais novo da grei cajazeirense que mergulhou no jornalismo da Capital. Durante um tempão ele manteve em evidência o “Repórter-PB”, que gerou muitos “furos” e muitos textos primorosos, suprindo a carência de informação das elites que sentem necessidade de informação, ou que são viciadas na informação. A empreitada foi boa enquanto durou – e é certo que deixou saudades, etc, etc.
Vem, agora, o mano Lenilson Guedes e decreta: “Vamos fazer Os Guedes”. É o que estamos fazendo. Aí chega a notícia de que em pouco tempo, com dificuldades ainda na estruturação, mas com uma credibilidade fantástica e uma agilidade de apuração de acontecimentos decisivos, o site ou o blog ou como queiram chamar está no topo das preferências na mídia digital em João Pessoa, a capital da Felipéia de Nossa Senhora das Neves, o tambor onde todas as opiniões começam a se formar e todas os acontecimentos decisivos prosperam, irradiando reflexos colaterais pelo Estado afora. O mérito? De Lenilson. Da obstinação em fazer. Do jeito peculiar de propor matérias antevendo que fisgará repórteres pelo faro. Como faz em relação a este seu irmão mais velho, caleijado de tantas conquistas e outras tantas desilusões também. É feito que exige comemoração. E precisa ser comemorado porque se dá numa conjuntura de absoluta incerteza que é a que o Brasil vive atualmente. Numa hora em que muitos empresários trancaram-se em casa, deixaram de investir, por não saberem a direção da onda, ou para os ventos sopram, um jornalista que não é empresário como Lenilson Guedes se põe a desafiar tempestades e moinhos de vento. E se torna um Quixote vitorioso na Paraíba de tantas frustrações acumuladas, de jornalistas e proprietários de jornais e revistas. De Josélios Gondins e Aluízios Mouras da vida, dos João Manoéis de Carvalho, dos pontos e contrapontos, das sístoles e diástoles, do tudo e do nada, do avesso do avesso.
O mérito é seu, Lenilson! A vitória é da Paraíba! Parabéns, mano, de coração, dentro do limite que minhas emoções ainda podem suportar! É só o começo, eu sei. Tenho certeza absoluta. Mas é segredo, eu também sei. E jurei não antecipar nada, nem me deixar levar pelo comichão do furo ou da exclusividade. O direito à informação é sagrado. E, na Paraíba, está assegurado.
Nonato Guedes