O sub-procurador da República Eitel Santiago, que é paraibano e está entre os nomes indicados para substituir Rodrigo Janot na Procuradoria Geral da República, endossou a manifestação dos postulantes, dirigida ao governo do presidente Michel Temer, no sentido de que respeite a lista tríplice a ser definida após votação. Os postulantes se manifestaram durante um evento promovido pela Associação Nacional dos Procuradores da República. A lista será definida após a votação, na semana que vem, entre cerca de 1.300 procuradores, que escolherão três opções entre oito candidatos.
Oficialmente postulam o cargo Carlos Frederico Santos, Eitel Santiago, Ela Wiecko, Franklin Rodrigues dos Santos, Mário Luiz Bonsaglia, Nicolao Dino, Raquel Dodge e Sandra Cureau. As especulações indicam que Raquel Doge teria a preferência do presidente da República. Mas o presidente da Associação Nacional de Procuradores, José Robalinho, acredita que serão levados em conta critérios democráticos, o que confere mais legitimidade à escolha, no seu entendimento. O mandato de Janot encerra-se em setembro. O colunista Edinho Magalhães, do Correio da Paraíba, informa, de Brasília, que Eitel ganhou a simpatia da imprensa nacional pela opinião isenta e corajosa sobre a necessidade de se manter a operação Lava-Jato, mas “sem excessos”, respeitando a intimidade das pessoas investigadas e o devido processo legal.
Eitel defende também que a PGR mantenha uma relação amistosa com os outros poderes, a fim de que abusos não sejam cometidos, inclusive, midiáticos. “Procurador não pode ser delegado de luxo”, tem repetido Santiago em suas manifestações acerca do assunto. A revista ISTOÉ, em edição recente, acusou o atual Procurador Rodrigo Janot de perseguir os holofotes, insinuando que ele tenta assumir o protagonismo das denúncias, mas “perdeu o controle do ego e sai em busca de troféus às vésperas da aposentadoria”. A revista cita como exemplo que Janot se lançou na missão obstinada de implicar parlamentares opositores ao petismo, entre os quais o próprio presidente da República, Michel Temer.
Antes de viajar ao exterior, Temer montou uma retaguarda para escapar da denúncia que Janot deverá fazer contra ele, por organização criminosa, obstrução de Justiça e corrupção. Se isto for levado adiante, Temer estará em maus lençóis. Ele poderá ser afastado do cargo por 180 dias até o julgamento final pelo Supremo Tribunal Federal, caso ocorra autorização de dois terços da Câmara. Entre as críticas feitas ao comportamento de Janot, está a censura ao acordo de delação premiada firmado com os donos da JBS, cujos termos mereceram restrições até de subprocuradores subordinados a ele. A interlocutores, antes de falecer, o ministro Teori Zavascki teria demonstrado preocupação com a fragilidade das denúncias formuladas por Rodrigo Janot. Nos últimos dias, artistas favoráveis à queda de Temer passaram a trabalhar por uma audiência com Rodrigo, na qual apelariam para que ele concorresse a um terceiro mandato sob o pretenso argumento de que sua saída vai prejudicar ainda mais a Lava-Jato.
A ISTOÉ conclui: “No decorrer da Lava-Jato, o Ministério Público Federal sempre teve como norte fulminar um sistema político viciado e corrupto. Ao seu jeito, longe de holofotes e salamalaques, o ministro Teori Zavascki atuou no sentido de fazer as investigações deslancharem, mas sem desviar o foco das boas práticas jurídicas. Não é o que ocorre agora sob o tacape de Janot. Bom para quem está interessado em inviabilizar a Lava-Jato, levando seus processos a adormecer numa gaveta empoeirada como a operação irmã siamesa, que prometeu pegar todos, mas não pegou ninguém, a Castelo de Areia, o que seria muito ruim para o país”. O presidente Michel Temer adotou como prioridade absoluta liquidar pretensões de continuísmo ou de interferência indevida de Rodrigo Janot.
Nonato Guedes