De janeiro e abril, a Prefeitura de Bayeux mais que dobrou os servidores contratados por excepcional interesse público. É o que revela matéria publicada hoje pelo Jornal Correio da Paraíba.
Veja abaixo o inteiro teor da matéria:
Em janeiro, a Prefeitura de Bayeux tinha 907 contratados, elevou para 1.749 em fevereiro, passou para 2.054 em março e fechou abril com 2.077. Entre janeiro e abril, o aumento no número de contratados. Foi superior a 120%. Da mesma forma, a folha de pessoal cresceu 30% em quatro meses. Passou de R$ 5,53 milhões em janeiro para R$ 7,18 milhões em abril. No período, o crescimento em reais foi de R$ 1,65 milhão. Os dados estão no Sagres (Sistema de Acompanhamento da Gestão) do Tribunal de Contas do Estado (TCE).
A Prefeitura, segundo o Sagres, reduziu o número de efetivos de 1.683 para 1.618 entre janeiro e abril e elevou os comissionados de 254 em janeiro para 289 em fevereiro, 302 em março e 293 em abril. As distorções salariais também chamam a atenção nas informações da Prefeitura de Bayeux disponibilizadas no Sagres. Enquanto a Constituição Federal diz que ninguém pode receber salário inferior ao Mínimo, a Prefeitura de Bayeux paga salários que chegam a 1/4 do Mínimo a alguns servidores efetivos. Há salários que chegam a 1/3 do Mínimo para efetivos e contratados por excepcional interesse público.
Os absurdos na folha de pessoal da Prefeitura de Bayeux são gritantes. Numa mesma categoria com 73 profissionais (técnicos em enfermagem) os salários vão de R$ 343,00 a R$ 2.500,00. Os cinco técnicos em edificações recebem entre R$ 1.837 e R$ 5.064. De duas telefonistas, uma recebe R$ 1.311. A outra tem salário de R$ 2.183. Entre os 66 assessores especiais do prefeito Berg Lima, os salários (para a mesma função) variam entre R$ 1,4 mil e R$ 4,5 mil. A Prefeitura de Bayeux possui, em seu quadro de servidores efetivos pelo menos 111 vigilantes com salários que variam entre R$ 206,83 a R$ 6,6 mil. Como explicar tamanha diferença salarial? Como se não bastasse, a Prefeitura ainda contratou outros 136 vigilantes por excepcional interesse público com salários entre R$ 937 e R$ 1,8 mil.
Disparidade entre salários
A disparidade entre os salários dos médicos é imensa. Variam entre R$ 1.082,24 e R$ 16,7 mil. São 25 profissionais efetivos da Medicina, ao todo. E outros 84 contratados por excepcional interesse público, cujos salários variam entre R$ 937,00 (para um lotado no gabinete do prefeito) e R$ 14,1 mil. Ao todo, são 109 médicos na folha da Prefeitura de Bayeux. Os 26 plantonistas têm salários entre R$ 1.185,00 e R$ 14,1 mil. Os plantonistas do PSF recebem entre R$ 5,6 mil e R$ 6 mil. Os 18 plantonistas da UPA ganham entre R$ 937 e R$ 13,7 mil. Enquanto os médicos ganham elevados salários, os dentistas não chegam nem perto da maioria. Os salários pagos aos 20 odontólogos chegam, no máximo, a R$ 2,9 mil.
Guarda é excelente opção
Fora os médicos, o bom mesmo é ser guarda municipal em Bayeux. Os salários chegam a R$ 10,1 mil. O menor salário de um guarda municipal (são 70 ao todo) é R$ 2,7 mil. Mas ser jardineiro- profissão que não requer especialidade- também é uma boa opção em Bayeux. O salário é de R$ 1,9 mil, maior do que os salários dos jornalistas (que não passam de R$ 1,5 mil), do único geógrafo (R$ 976,32) e dos educadores físicos (R$ 1.250,00). Bom também é ser coveiro, que ganha mais que outros profissionais que passaram entre quatro e cinco anos na Universidade. O coveiro ganhar R$ 1,8 mil. Entre os 56 assessores executivos, os salários vão do Mínimo (R$ 937,00) a R$ 2,7 mil. Os assessores jurídicos ganham entre R$ 1 mil e R$ 2,1 mil. O procurador-geral recebe R$ 10,1 mil e o adjunto recebe R$ 5 mil. Outros oito advogados contratados pela Prefeitura de Bayeux recebem entre R$ 950,00 e R$ 2,2 mil. Já um engenheiro ambiental recebe R$ 2,3 mil. Os 74 professores Classe A1 recebem entre R$ 683,81 e R$ 4,7 mil. Os 207 professores A2 recebem entre R$ 462,00 e R$ 5,3 mil. Os 111 professores tipo B tem salários que variam entre R$ 466,00 e R$ 4,7 mil. Os regentes de ensino ganham de R$ 1,3 mil e R$ 2 mil. Alguns fatos curiosos podem ser encontrados nos dados que a Prefeitura de Bayeux manda para o Sagres do TCE. Na prefeitura, por exemplo, ainda existem datilógrafos, uma profissão que existia quando não havia informática e os documentos eram escritos em máquinas de datilografia.
Adelson Barbosa dos Santos – Jornal Correio da Paraíba