O deputado federal Luiz Couto, do PT-Paraíba, afirmou que a a denúncia oferecida à Justiça pelo procurador-geral da República Rodrigo Janot, ontem, contra o presidente Michel Temer (PMDB) comprova a prática de corrupção pelo mandatário e deu ênfase a um trecho das afirmações de Janot de que Temer “ludibriou os brasileiros”. O presidente, de acordo com o relatório de Janot, que era aguardado com expectativa, se valeu do cargo para receber vantagem indevida de R$ 500 mil oriunda da J&F, proprietário da JBS, bem como mais R$ 38 milhões que favoreceram, igualmente, o ex-assessor Rocha Loures. Luiz Couto qualifica o atual governo de “temeroso” e defende o avanço das investigações, inclusive, com punição grave contra o presidente, que pode implicar na perda do mandato.
Luiz Couto assinalou que votará com base nas provas colhidas que sinalizariam o envolvimento de Temer e do núcleo do PMDB na Câmara Federal, qualificado por Janot como uma organização criminosa que ainda estaria em atividade. Da organização fariam parte os ex-presidentes da Câmara Henrique Eduardo Alves (RN) e Eduardo Cunha (RJ), que estão presos, além de ex-parlamentares. O referido núcleo peemedebista viria agindo para tirar proveito de interesses privados, misturados com recursos públicos, acarretando sérios prejuízos ao erário. O presidente da República foi denunciado por corrupção passiva – e este é o primeiro caso de um mandatário brasileiro acusado em pleno exercício do cargo. Janot pediu ainda imputação de multa a Temer a título de indenização ao povo brasileiro pelos recursos auferidos ilicitamente.
O Palácio do Planalto evitou manifestar-se oficialmente a respeito das denúncias contra o presidente Michel Temer, mas a defesa do governante foi instruída no sentido de apresentar argumentos o quanto antes para “liquidar” a questão, evitando agravamento do clima de instabilidade, que é combinado com pesquisas de opinião pública atestando a impopularidade do governo do peemedebista, que contaria com apenas 7% de aprovação. Além de Temer, nomes como Geddel Vieira Lima, Moreira Franco, Eliseu Padilha e Rodrigo Loures ganham evidência na denúncia formulada. Se vier a ser considerado réu, Michel Temer, por lei, terá que se afastar pelo prazo de 180 dias até que a investigação seja levada adiante. Se não houver comprovação concreta de acusações imputadas a ele, poderá reassumir o cargo, do contrário estará definitivamente afastado. As reuniões políticas passaram a ser intensificadas nas últimas horas em Brasília diante do fato novo que estava na pauta do noticiário político há algum tempo.
Nonato Guedes