Indicada para presidir a Fundação Perseu Abramo, instituto de pesquisas vinculado ao Partido dos Trabalhadores, a ex-presidente Dilma Rousseff deverá vir à Paraíba novamente, agora em julho, para fazer palestra sobre a conjuntura política nacional. A sinalização sobre o retorno da ex-presidente partiu do dirigente estadual do PT, Jackson Macêdo, observando que Dilma é uma referência respeitada pela sua trajetória e também por ter sido atingida por um processo de impeachment votado no Congresso sob a supervisão do Supremo Tribunal Federal e que a forçou a interromper o mandato que havia reconquistado em 2014 derrotando Aécio Neves, do PSDB.
Recentemente, Dilma esteve na Paraíba para acompanhar a chegada das águas do projeto de transposição do rio São Francisco, juntamente com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O anfitrião dos dois ex-presidentes foi o governador Ricardo Coutinho, que é do PSB e já pertenceu aos quadros do Partido dos Trabalhadores, pelo qual se elegeu vereador e deputado estadual. No transcurso do processo de impeachment propriamente dito, Ricardo trouxe a então mandatária afastada a João Pessoa para uma audiência pública no Espaço Cultural, em que ela teve liberdade para denunciar o que tem classificado como golpe político ou parlamentar. Dilma tem misturado as denúncias sobre suposto golpe com críticas virulentas ao governo do presidente Michel Temer, que qualifica como ilegítimo.
Em termos pessoais, quanto ao futuro político, mais precisamente em relação ao pleito de 2018, a intenção de Dilma é a de concorrer a um mandato de senador pelo Rio Grande do Sul. Mas ela já se colocou à disposição do ex-presidente Lula para contribuir com a reestruturação do Partido dos Trabalhadores, fortalecendo diretórios estaduais e preparando o ânimo psicológico de militantes e parlamentares com vistas a futuros embates. A direção nacional do PT é presidida pela senadora Gleisi Hoffmann, do Paraná, numa escolha pessoal do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, convencido a “oxigenar” os quadros partidários depois do desgaste sofrido com escândalos que envolveram figuras de destaque, culminando com a prisão de inúmeras delas.
A prioridade do PT nacional, por enquanto, está concentrada em assegurar espaços para o ex-presidente Lula e pressionar contra tentativas de prisão dele. Em nota assinada por Gleisi, que também é ré na Lava Jato, o PT sustenta que sem o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no páreo as eleições presidenciais não terão legitimidade. Antes, o senador Lindbergh Farias, natural de João Pessoa mas representante do Estado do Rio, disse no plenário que eleição sem Lula não é eleição, mas, sim, uma fraude. Lindbergh referiu-se nas últimas horas à denúncia formulada pelo procurador Rodrigo Janot contra o presidente Michel Temer, sob acusação de corrupção passiva. Para o senador, o episódio comprova as denúncias que os petistas vinham fazendo contra Temer, insinuando sua vinculação com esquemas de corrupção. E o Tribunal Regional Federal da Quarta Região absolveu o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto, condenado pelo juiz Sergio Moro a 15 anos e quatro meses de prisão por lavagem de dinheiro, associação criminosa e corrupção. A decisão foi tomada por dois dos três juízes que compõem a Corte. O relator pediu a condenação e foi voto vencido. O advogado que representa Vaccari diz que a Justiça foi realizada, “porquanto a acusação e a sentença basearam-se exclusivamente em palavra de delator, sem que houvesse nos autos qualquer prova que pudesse corroborar tal delação”.
Nonato Guedes