Em entrevista, por telefone, direto de Brasília, ao programa “Sem Censura”, da rádio POP (Sistema RPN de Comunicação), o senador Raimundo Lira foi enfático ao dizer que não está movendo qualquer articulação política com vistas a se tornar líder da bancada do PMDB em substituição a Renan Calheiros (AL), que renunciou ontem. Lira admite que seu nome está sendo lembrado por companheiros de partido, porém, reafirmou que está desengajado de tal articulação. O parlamentar dá a entender que tem uma agenda a cumprir, incluindo um contato mais estreito com suas bases no Estado de origem. “Eu estou sendo procurado por alguns companheiros do Senado Federal, mas não estou fazendo nenhum tipo de articulação, não estou pedindo voto a nenhum dos nossos companheiros senadores”, arrematou.
Lira não aprofundou comentários acerca das acusações de Renan Calheiros contra o governo do presidente Michel Temer, observando que o parlamentar já vinha tornando públicas as suas críticas ao ocupante do Planalto. Renan chegou a insinuar que o presidente da República recebe ordens de dentro do presídio em que está recolhido o ex-presidente da Câmara Federal, Eduardo Cunha (RJ). O Palácio do Planalto evitou, ontem à noite, responder a Renan, quando foi confrontado por jornalistas de veículos como a Rede Globo.
Indagado sobre questões políticas ligadas à conjuntura na Paraíba, Raimundo Lira voltou a elogiar o senador José Maranhão como um grande nome para disputar o governo em 2018. “Seria uma candidatura muito importante para o meu partido, o PMDB, iria fortalecer muito. Quem sugeriu o nome de Maranhão para candidato a governador foi exatamente eu numa reunião que nós realizamos em fevereiro da executiva do PMDB em João Pessoa”.
A respeito de denúncia feita contra o presidente Michel Temer por suposto recebimento de propinas o senador Raimundo Lira destacou como fato positivo a constatação de que tais denúncias não põem em risco a estabilidade democrática. “Todos esses eventos desagradáveis que têm acontecido na vida política do país, mesmo assim não se fala em ruptura do processo democrático. Isso é uma coisa altamente positivo, é um teste de grande envergadura que está sendo feito em relação a democracia brasileira, mas é fundamental que essa crise seja resolvida para que o país retorne o seu crescimento econômico. Só retomando o crescimento econômico de uma forma consistente, de uma forma firme, de uma forma definitiva, é que o país poderá recuperar milhões de empregos de trabalhadores que estão desempregados. Esse é o grande problema do nosso país”.
Abordado em torno das versões de que o governador Ricardo Coutinho (PSB) deverá permanecer no mandato até o último dia, Lira salientou que não entra no mérito da decisão anunciada pelo gestor. No entanto, deu um depoimento simpático a Ricardo, que, conforme ele, é um dos mais bem avaliados políticos do país. “É uma pessoa que se for candidato a senador logicamente tem todas as condições de ser eleito pela sua aceitação e pela administração que ele tem feito, gerenciando o estado. É uma questão muito pessoal que nós não podemos fazer uma avaliação em relação a esse assunto. Só o governador pode responder a essa pergunta”.
Nonato Guedes