Foi com mais ou menos o mesmo argumento – o de que se trata de questão de foro íntimo – que o senador José Maranhão, presidente do diretório regional do PMDB e o prefeito de João Pessoa, Luciano Cartaxo, do PSD, evitaram comentar as declarações do governador Ricardo Coutinho (PSB) de que cogita permanecer no cargo até o último dia de mandato, abrindo mão de concorrer ao Senado ou a outro cargo eletivo. Maranhão tem tido sua provável candidatura novamente ao governo lançada ou admitida por líderes peemedebistas no que se refere ao pleito de 2018. Cartaxo, embora repita quase diariamente que o seu foco é administrar a Capital, tem sido mencionado para a sucessão estadual antes mesmo da campanha em que se reelegeu prefeito.
Nas hostes do PSDB, onde pontifica a liderança do senador Cássio Cunha Lima, o tema da presumível desistência de Ricardo em ser candidato é tratado de forma cautelosa pelo receio de que faça parte de alguma estratégia do chefe do Executivo com vistas a confundir os adversários e torná-los vulneráveis na parada eleitoral do próximo ano. Cássio, que supostamente estaria cogitando trocar de mandato – saindo de senador para deputado federal – avalia que não deve se imiscuir em assuntos atinentes a outras legendas como o PSB, com a qual os tucanos não pretendem se coligar. A postura cautelosa que tem sido adotada é favorecida pela atenção da classe política voltada para a crise nacional, com o oferecimento de denúncia contra o presidente Michel Temer em esferas influentes da Justiça.
Os parlamentares federais paraibanos, incluindo-se ainda o senador Raimundo Lira, do PMDB, também cuidam com prioridade da agenda de discussão das reformas que o Palácio do Planalto vem encaminhando ao Congresso e que são controversas, principalmente a reforma previdenciária, mas, também, a reforma fiscal. Os representantes do eleitorado procuram conciliar posições com o sentimento da população e, para tanto, aprofundam a “leitura” dos resultados de pesquisas de opinião pública. Uma delas, considerada preocupante na base de Temer, apontou o presidente com apenas 7% de aprovação, percentual que comprova a ampla resistência por parte de segmentos da sociedade diante das propostas surgidas.
O deputado federal Efraim Filho, do DEM, interpreta que os percentuais de reprovação ao governo de Temer são coerentes com a insatisfação latente em grupos sociais e frisa que não será surpresa se os índices forem consideravelmente maiores. O deputado lamenta que não tenha ocorrido avanço na implementação das reformas acenadas por Temer quando foi efetivado no cargo com o impeachment de Dilma Rousseff. A seu ver, o descontentamento com o governo afeta a própria legitimidade da gestão Temer para propor mudanças sociais. A expectativa da classe política, de acordo com Efraim Filho, está concentrada nas manifestações convocadas para amanhã por centrais sindicais e órgãos que representam a classe trabalhadora. A movimentação nas ruas sinalizará o estágio de insatisfação que prevalece na sociedade a propósito da inação do governo na implementação de políticas reivindicadas há bastante tempo – finalizou o deputado.
Nonato Guedes