Embora mantenha apoio ao governo do presidente Michel Temer, o senador paraibano José Maranhão agradeceu a oferta que lhe foi feita em Brasília para ser líder do PMDB na Casa e declinou do posto. A liderança está sem ocupante desde a saída do senador alagoano Renan Calheiros, que deixou o cargo “atirando” contra o governo do presidente Temer, a quem acusou de obedecer ordens emanadas de Eduardo Cunha, que está preso. O outro senador peemedebista paraibano Raimundo Lira negou que esteja se articulando para exercer a função, embora confirme que seu nome tenha sido lembrado por colegas de partido. A escolha foi adiada para terça-feira próxima.
Ao externar sua confiança em que o presidente Michel Temer superará a crise de governabilidade e concluirá o mandato, o senador José Maranhão advertiu que o País está acima dos interessees e conveniências de pessoas e grupos. Na sua opinião, tirar o presidente significa mais um grande problema para um País que está saindo da pior recessão de sua história e que necessita crescer e criar oportunidades para aproximadamente 14 milhões de desempregados. Maranhão frisou que a tese do “quanto pior, melhor”, difundida por alguns adversários do presidente Michel Temer, acaba prejudicando a sociedade brasileira como um todo e reflete descompromisso com atitudes patrióticas em favor do povo.
O PMDB detém a maior bancada no Senado, contando com 22 integrantes, ou 27,16% das 81 cadeiras do Parlamento. É maior do que a soma do PSDB (10), PP (7) e DEM (4). O desafio do substituto de Renan Calheiros será o de tentar unificar a bancada, contendo a dissidência aberta por Renan Calheiros, que conta com Eduardo Braga, Kátia Abreu e Hélio José. O senador Raimundo Lira afirmou que não chegou a surpreender a crítica feita por Renan Calheiros ao se despedir do posto, lembrando que ele já vinha assumindo uma postura contundente em relação ao Palácio do Planalto.
O tom crítico adotado por Renan originou um movimento de parlamentares peemedebistas para destituí-lo do cargo. Calheiros antecipou-se aos acontecimentos e entregou a liderança. Um dos nomes cotados para ser líder do PMDB é o do ex-governador do Rio Grande do Norte e ex-presidente do Senado Garibaldi Alves, que aparentemente resiste e indica o nome do paraibano Raimundo Lira como tendo o perfil de conciliador. O ex-líder Renan Calheiros chegou ao ponto de se indispor contra as reformas propostas pelo presidente Michel Temer como indispensáveis para o funcionamento da máquina administrativa. A mais polêmica das propostas é a da reforma da Previdência, mas há controvérsias, igualmente, em relação à reforma fiscal e trabalhista. Independente da votação das reformas, o governo de Michel Temer carece de representatividade parlamentar diante da ameaça de manobras para destituí-lo por corrupção passiva. Os parlamentares da base acompanham com interesse o desdobramento de uma nova greve nacional anunciada para hoje em protesto contra o governo.
Nonato Guedes