Na bancada federal paraibana composta por 12 deputados, apenas Luiz Couto, do PT, e Pedro Cunha Lima, do PSDB, estão assumidamente decididos a votar pela aceitação da denúncia contra o presidente Michel Temer pelo Supremo Tribunal Federal para investigação sobre atos de corrupção passiva que lhe foram atribuídos em delação de executivos da JBS. É o que revela um minucioso levantamento feito pela “Folha de São Paulo” junto aos 513 parlamentares federais. A conclusão é de que a base tida como aliada do presidente Temer não garante os votos para barrar a denúncia contra o peemedebista. É necessário um mínimo de 342 votos favoráveis à aceitação da denúncia e consequente autorização ao STF para abrir ação contra Temer, que, nesse caso, ficaria afastado até 180 dias enquanto perdurar o julgamento. Somente 45 deputados responderam enfaticamente que votarão contra a ação.
Em relação aos deputados paraibanos entrevistados pela “Folha de São Paulo”, há os que “não responderam” à pergunta sobre como pretendem votar e os que “não sabem” como irão se posicionar diante de matéria polêmica que pode produzir um segundo impeachment de presidente da República em tempo recorde no País, depois da votação que decretou o afastamento de Dilma Rousseff, do PT. Entre os que disseram não saber como votarão no caso Temer figuram os deputados federais Rômulo Gouveia, presidente regional do PSD na Paraíba, e Efraim Filho, do Democratas. Não responderam: Aguinaldo Ribeiro (PP), que é líder do governo Temer na Câmara, Damião Feliciano, do PDT, Veneziano Vital do Rêgo, do PMDB, Wellington Roberto, do PR e Wilson Filho, do PTB. O deputado Benjamin Maranhão (SD) não quis se pronunciar. O deputado federal Hugo Motta, do PMDB, que era ligado ao ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha, é contra a aceitação da denúncia atingindo o presidente Michel Temer. Da mesma forma se posiciona o deputado André Amaral, que era suplente do PMDB e assumiu a titularidade com a renúncia de Manoel Júnior, que atualmente ocupa a vice-prefeitura de João Pessoa.
Muitos dos votos que figuram na coluna de indefinidos dão margem a contabilidades distintas – da parte dos aliados do presidente Michel Temer e da parte dos que fazem oposição ao mandatário. As informações de Brasília sinalizam que a guerra nos bastidores, pelos votos, é crucial e acirrada – e o Palácio do Planalto foi aconselhado a lançar mão do rolo compressor da máquina, mediante o compromisso de liberação de recursos alocados no Orçamento da União por parlamentares através de emendas e que ainda estão providencialmente congelados. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, do DEM-RJ, deixou claro que não pretende votar na sessão que ele vai presidir, reservando-se para a possibilidade de um voto decisivo caso haja empate. Maia não quer parecer interessado diretamente na questão por ser beneficiário indireto de um impeachment de Temer. Pela Constituição, nessa hipótese, ele assumiria a presidência da República por 30 dias com a missão de convocar eleições indiretas para o preenchimento do mandato e conclusão da gestão. Temer não tem, formalmente, um vice-presidente, já que era vice de Dilma e ascendeu com o impeachment desta, em meio a desabafos de petistas de que teria conspirado o tempo todo para que ela fosse defenestrada do cargo. Seja como for, o clima é de expectativa não só em Brasília, mas nos Estados, onde parlamentares intensificam consultas às bases para fundamentar seus votos. A deputada federal paraibana Luíza Erundina, que é do PSOL e representa o Estado de São Paulo, já oficializou declaração de voto pela aceitação da denúncia contra Temer. Ela considera que as acusações são gravíssimas e justificam investigação minuciosa através de julgamento no âmbito do Supremo Tribunal Federal.
A assessoria do deputado Veneziano Vital do Rêgo manteve contato com o site Os Guedes para informar que ele vai votar pela recebimento da denúncia.
Nonato Guedes, com “Folha de São Paulo”