O deputado federal Veneziano Vital do Rêgo, do PMDB, já perdeu duas chances de ser candidato ao governo do Estado, um sonho que ele reconhecidamente alimenta, e poderá ser prejudicado numa terceira tentativa que está praticamente às portas: a eleição de 2018. Recentemente ele chegou a admitir que poderia examinar a hipótese de mudar de partido – o que ensejou rumores de que ingressaria no PSB com a condição de ser o candidato apoiado pelo governador Ricardo Coutinho à sucessão deste. Mas o assunto desapareceu do noticiário e Veneziano tem concentrado o foco em sua atuação parlamentar, de olho na disputa à reeleição à Câmara, que poderá ser bastante acirrada, conforme revelam fontes do próprio PMDB.
Prefeito de Campina Grande por duas vezes, o que o colocou no quadro das lideranças políticas emergentes da Paraíba, Veneziano ensaiou a primeira tentativa de ser ungido candidato ao governo em 2010. Foi atropelado, no entanto, por acontecimento atípico – a investidura do senador José Maranhão no governo, em 2009, para concluir o mandato de Cássio Cunha Lima, que havia sido cassado pelo TSE sob alegação de conduta vedada na ação administrativa. Maranhão havia ficado em segundo lugar na campanha de 2006, tendo como vice Luciano Cartaxo, que, então, era filiado ao Partido dos Trabalhadores. Os dois foram efetivados no término da gestão e Maranhão decidiu partir para uma nova reeleição, sendo derrotado por Ricardo Coutinho na primeira ascensão deste ao Palácio da Redenção.
A outra grande oportunidade que teoricamente surgiu para Veneziano foi em 2014. O próprio José Maranhão liberou o correligionário para testar seus espaços políticos em viagens por cidades do interior paraibano. Como ainda estava à frente da prefeitura de Campina Grande, Veneziano movimentou-se no sentido de conciliar os compromissos em sua cidade com a agenda de contatos políticos ampliados pela Paraíba e chegou a elaborar propostas que pretendia ver implementadas caso fosse alçado ao Palácio da Redenção. Eclodiu, porém, uma reviravolta no próprio clã familiar peemedebista de Campina Grande: Veneziano foi remanejado da condição de pré-candidato a governador para a vaga de candidato a deputado federal, substituindo a sua mãe, Nilda Gondim. Por sua vez, o senador Vital do Rêgo Filho, irmão de Veneziano, foi oficializado candidato a governador pelo PMDB, não tendo passado do primeiro turno. O confronto final acabou se dando entre Ricardo Coutinho, vitorioso, e Cássio Cunha Lima, do PSDB, derrotado. Vital retomou o mandato no Senado e acabou premiado com a indicação para uma vaga de ministro do Tribunal de Contas da União, onde atua hoje.
Eleito deputado federal, Veneziano decidiu concorrer novamente à prefeitura municipal de Campina Grande nas eleições de 2016, mas perdeu a disputa em primeiro turno para o prefeito Romero Rodrigues (PSDB), reeleito. A justificativa de Veneziano foi a de que formou-se uma profunda divisão entre as forças que fazem oposição ao grupo Cunha Lima em Campina Grande, o que favoreceu a recondução de Romero Rodrigues. Hoje, quem parece mais articulado no projeto de ser candidato ao governo em 2018 é Romero Rodrigues. Ele trabalha com um cenário em que Cássio Cunha Lima não mais disputará o Executivo no próximo ano, concorrendo preferencialmente à reeleição. Com isto, poderia ganhar espaço, apesar do empenho do prefeito de João Pessoa, Luciano Cartaxo (PSD) de conquistar para 2018 o apoio de Cássio que lhe foi oferecido na campanha à reeleição em 2016.
Fontes peemedebistas ligadas ao senador José Maranhão salientam que uma provável candidatura de Veneziano ao governo pelo partido não está descartada, mas observam que ela está condicionada a um entendimento direto com o próprio senador, que é o presidente do diretório regional da legenda e tido como o líder mais proeminente do PMDB. Mas há quem admita, nas hostes peemedebistas, que Maranhão poderá tentar a última chance de voltar ao Palácio da Redenção. Caso viesse a ser derrotado, ainda teria quatro anos de mandato no Senado. É uma conjuntura que os analistas políticos não descartam, mas também não avalizam como garantida. Na outra hipótese, o ex-prefeito de Campina Grande concorreria mesmo à reeleição à Câmara Federal.
Nonato Guedes