O deputado federal Efraim Filho, do DEM-PB, assegura que o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (RJ) está preparado para assumir a presidência da República em caso de afastamento do presidente Michel Temer (PMDB). O parlamentar paraibano ressalta que a crise que afeta a conjuntura política nacional é preocupante por causa das indefinições que provoca, no entanto, considera que está próximo um desfecho do impasse vivenciado pelas instituições.
Efraim Filho avalia como graves as denúncias formuladas pela Procuradoria Geral da República, através de Rodrigo Janot, contra o presidente Temer, acusado de corrupção passiva. Pondera, todavia, que é preciso analisar-se minuciosamente a peça de defesa apresentada por Temer para, depois, concluir-se até que ponto a peça é consistente ou não. A respeito do comportamento de Rodrigo Maia, Efraim Filho pontua que ele tem adotado atitudes legalistas. “O presidente Rodrigo Maia não passou um milímetro sequer das suas atribuições, o que sinaliza que ele está agindo com maturidade, equilíbrio e legalismo”, adiantou. Efraim explica que por figurar na linha da hierarquia sucessória o presidente da Câmara poderia ter atitudes açodadas que pudessem beneficiar-lhe. “Mas ele está à altura do momento histórico grave vivido pelo País”.
O democrata paraibano salienta que dentro da bancada do partido na Câmara e junto à cúpula nacional do DEM têm sido feitas análises periódicas em torno do desdobramento dos fatos. Para ele, um complicador a mais para o presidente Temer é a crise de popularidade da sua administração, conforme atestado por pesquisa do Datafolha. Essa impopularidade pode vir a deslegitimar as propostas de reformas previdenciária e trabalhista elaboradas pelo Palácio do Planalto, “em si mesmo polêmicas, como se tem percebido no tom do pronunciamento de lideranças dos mais variados segmentos da população”. Destaca Efraim que a preservação da democracia deve ser compromisso inalienável da parte dos expoentes da política e do poder “nesta hora em que ocorre mais um teste para a sorte das instituições”.
O procurador Rodrigo Janot baseou-se em interceptações telefônicas, em gravações e na delação de executivos da JBS para denunciar o presidente da República pelo crime de corrupção passiva. Há três pontos principais na denúncia contra Temer: o fato de ter recebido Joesley Batista, às escondidas, em palácio, para “tratativas delituosas” conforme se expressa o procurador; o aval que Temer teria dado a Joesley para que se encontrasse com Rocha Loures a fim de tratarem de corrupção e a insinuação de que ao receber uma mala com 500 000 reais da JBS, Loures seguiu as orientações de Temer e agiu em seu nome. O presidente, na opinião de alguns juristas, tenta desqualificar a acusação e os acusadores mas não contesta o essencial no rol de denúncias.
Nonato Guedes