O senador José Maranhão, presidente do diretório regional do PMDB na Paraíba, é cético com relação à aprovação de uma reforma política fixando regras que possam vigorar já a partir da conjuntura do próximo ano, quando haverá eleições. “Sem consenso não passa nada no Congresso. E a verdade é que não há consenso na classe política”, justificou o parlamentar, relatando observações colhidas em contatos mantidos com colegas parlamentares de diferentes partidos. Na sua opinião, o cenário de incerteza, envolvendo a própria permanência do presidente Michel Temer no cargo, contribui para a indefinição generalizada.
Como exemplo, José Maranhão se referiu à recente reunião em Brasília que contou com a participação de expoentes do PMDB e do PSDB, quando foi tratada uma gama de assuntos. Ele diz que foi abordada a questão do financiamento de campanha, além da chamada cláusula de barreira e outro tema recorrente, o voto distrital. “Mas tudo terminou sem nenhuma definição”, expressou. A seu ver, há insegurança entre os próprios líderes políticos quanto à correlação de forças no Parlamento paraa aprovação de matérias e, também, no que diz respeito ao tamanho das legendas, diante de ameaças e perspectivas de defecções anunciadas em alguns partidos.
Considerando atípica a situação nacional, em virtude de acontecimentos que, segundo ele, estão pendentes, além de fatos imprevisíveis que podem despontar no horizonte, o senador José Maranhão comentou uma proposta polêmica que é defendida nos meios políticos: a criação de um Fundo Eleitoral. Disse que tal proposta vai enfrentar forte reação de segmentos da opinião pública. E emenda seu raciocínio: “Com a classe política desacreditada, qual cidadão aceita que o dinheiro que falta na saúde, na educação, na segurança, vá para a eleição?”. Amanhã, às 19h30, em Brasília, a bancada do PMDB no Senado fará reunião para definir o seu novo líder. Trata-se de escolher o substituto de Renan Calheiros, que foi praticamente exonerado do posto, embora ele tenha manobrado a tempo de sugerir que estava abrindo mão da função. Renan se despediu da liderança “atirando” contra o governo do presidente Michel Temer, a quem formulou pesadas acusações.
Os dois senadores peemedebistas paraibanos – José Maranhão e Raimundo Lira, frequentam as especulações da imprensa sulista como bastante cotados para assumir a liderança do PMDB no Senado. Mas Lira – que se encontrou com o presidente Michel Temer – reafirmou que não está em campanha para ocupar a liderança e deu a entender que somente aceitaria a escolha se houvesse consenso, já que não pretende dar qualquer passo que possa dividir a bancada do seu partido. José Maranhão, cauteloso, não se pronuncia sobre sua cotação, dizendo que prefere aguardar os acontecimentos. Garibaldi Alves, do Rio Grande do Norte, é outro nome forte em evidência na bolsa de apostas em Brasília.
Nonato Guedes