No bojo da polêmica alimentada pelo governador Ricardo Coutinho, anunciando que permanecerá até o último dia no Executivo e apoiará para o governo do Estado uma candidatura eficiente e com credibilidade, o senador José Maranhão, presidente do diretório regional do PMDB, admitiu a repórteres colocar seu nome à disposição do partido para concorrer novamente ao Palácio da Redenção em 2018. Na entrevista que concedeu, ontem, à TV Master, o governador Ricardo Coutinho (PSB) não confirmou nem desmentiu informações sobre supostas conversas que teria mantido ultimamente com Maranhão em torno das projeções para a disputa eleitoral do ano vindouro.
Frisou, entretanto, que independente de Maranhão estar aliado ao seu governo ou divergir dele, respeita o parlamentar pela sua postura focada sempre no espírito público e não em tirar proveito para obter vantagens pessoais da atuação política. Maranhão também nada falou a respeito de eventuais entendimentos com Ricardo, preferindo realçar canais de diálogo que possui com outros líderes, a exemplo do prefeito de João Pessoa, Luciano Cartaxo, do PSD, cujo vice-prefeito é o deputado federal Manoel Júnior, do PMDB. De 2010 para cá, o PMDB maranhista tem oscilado em termos de aliança política, chegando a se unir ao senador Cássio Cunha Lima, do PSDB, na coligação pela prefeitura da Capital que elegeu em primeiro turno Luciano Cartaxo e Manoel Júnior. Em 2014, contudo, Maranhão declarou apoio a Ricardo Coutinho no segundo turno contra Cássio Cunha Lima. O PMDB lançara o então senador Vital do Rêgo como candidato a governador após a desistência de Veneziano Vital, que concorreu a deputado federal. Vital, que hoje é ministro do Tribunal de Contas da União, não passou do primeiro turno nas eleições de 2014.
Os elogios feitos pelo governador Ricardo Coutinho a Maranhão na entrevista à TV Master, embora coincidissem com os rumores de entendimentos que eles teriam voltado a manter, foram interpretados como postura de magistrado do governador socialista, bem como um reconhecimento à atuação administrativa desenvolvida pelo senador peemedebista em favor da Paraíba. Ex-deputado estadual e federal, Maranhão foi candidato a vice-governador de Antônio Mariz na disputa de 1994 contra Lúcia Braga. A chapa encabeçada por Mariz foi vitoriosa, mas o titular faleceu em poucos meses, devido a problemas de saúde que acumulara. Maranhão investiu-se na titularidade e já em 98 disputou a reeleição, derrotando Gilvan Freire. Em 2009, foi chamado pela Justiça Eleitoral a ocupar o governo do Estado com a cassação do mandato de Cássio Cunha Lima, inquinado por conduta vedada e improbidade administrativa. Em 2010, Maranhão perdeu o governo para Ricardo Coutinho. Candidatou-se a prefeito de João Pessoa em 2012, sem chances, e em 2014 se elegeu ao Senado, onde ainda tem tempo pela frente.
A candidatura de Maranhão ao governo encontra facilidades hoje e quase nenhuma resistência pelo fato de que eventuais concorrentes deverão trilhar outros caminhos na disputa de 2018. Manoel Júnior, inclusive, está na expectativa de assumir a titularidade da prefeitura com a renúncia de Luciano Cartaxo para disputar o governo, o que lhe permitiria tentar a reeleição na Capital. Mas essa equação é complicada porque passa pelo cenário eleitoral de 2018, no qual Cartaxo espera ter o apoio de Maranhão e o reforço do PMDB. O jogo se dá entre atores que se conhecem e que já estiveram juntos ou distantes em outras oportunidades. Maranhão, de sua parte, a dados de hoje mantém assegurado o controle do PMDB, o que lhe dá a flexibilidade para pôr o nome à disposição no sentido de enfrentar a disputa sucessória do próximo ano. Seria a sua despedida na obstinação em frequentar o Palácio da Redenção.
Nonato Guedes