A ministra Cármen Lúcia, presidente do Supremo Tribunal Federal, afirmou hoje, em tom enfático, que o povo não está satisfeito com o Judiciário. “Nem eu”, acrescentou a ministra, com franqueza, falando para platéia qualificada durante evento com corregedores de Justiça em Belo Horizonte, Minas Gerais. Cármen Lúcia disse que é latente a falta de comunicação do Poder Judiciário com a sociedade e isto apenas reforça visões equivocadas nos meios sociais quanto ao verdadeiro papel da Justiça no Brasil.
Cármen Lúcia, depois de comparar que está igual a mulher que apanha – “na hora em que a pessoa pega um chicote para bater no cachorro, ela já sai correndo” – considerou crucial a dificuldade de comunicação do Judiciário com a sociedade, lembrando que decisões relevantes e cruciais estão sendo tomadas nessa esfera, envolvendo notórias figuras que atuam na vida pública brasileira. Isto faz com que, no seu entendimento, algumas das deliberações tomadas no âmbito das Cortes Judiciárias sejam criticadas abertamente e constantemente por variados segmentos da população brasileira.
A presidente do Supremo Tribunal Federal comentou que o Judiciário precisa ir além da autocrítica e estabelecer pontes com a sociedade para que as decisões sejam tomadas corretamente nesta quadra de dificuldades que o País enfrenta. Cármen Lúcia não quis se referir especificamente a casos de políticos condenados ou absolvidos por instâncias do Judiciário, mas frisou que alguma coisa tem que ser feita no sentido de restaurar a credibilidade do Judiciário, que atua como espécie de árbitro de conflitos no regime democrático. Cármen Lúcia não escondeu o tom emocionado nas suas declarações e lamentou que a situação tenha chegado a um estágio degradante para a sorte das próprias instituições.
Desde que foi investida na presidência do Supremo Tribunal Federal, a ministra Cármen Lúcia tem procurado “distribuir justiça”, como ela mesma enfatizou em outra ocasião. Agigantou-se no episódio da morte do ministro Teori Zavascki em acidente aéreo. Zavascki era o relator de processos da Operação Lava Jato e estava na iminência de homologar acordos de delação premiada com personagens envolvidos em denúncias. A ministra tomou a si, pessoalmente, a decisão de concluir o trabalho que Zavascki empreenderia – e possibilitou avanços nas medidas punitivas que foram tomadas. “Mas o Supremo não é especializado unicamente em aplicar punição. Tem um leque muito vasto de atribuições, dentro do compromisso maior de zelar pela tranquilidade e bem-estar do povo”, finalizou. O presidente Michel Temer, que participa da Conferência do G-20 em Hamburgo, na Alemanha, deparou-se na saída de uma das reuniões com um protesto, que não era dirigido a ele. A manifestação alterou a programação de permanência de Temer no País.
Nonato Guedes, com agências