O ex-deputado Ruy Carneiro, presidente estadual do PSDB na Paraíba, confirmou que existe um “racha” dentro do partido quanto ao rompimento ou não com o governo do presidente Michel Temer. Pessoalmente, reiterou posição favorável ao rompimento, mas enfatizou que há divergências em outros partidos, que, inclusive, possuem ministros na atual gestão do peemedebista. “Se há incongruência, é uma incongruência extensiva aos demais partidos, não apenas uma postura do PSDB”, salientou Ruy Carneiro, em entrevista ao programa “Sem Censura”, da rádio Pop FM, da Rede Paraibana de Notícias, em João Pessoa.
O dirigente tucano salienta que a bancada no Congresso Nacional tem condições melhores de avaliar se deve ou não evoluir para a tese do rompimento por dispor de subsídios mais concretos a respeito do grau de envolvimento do presidente da República em denúncias de corrupção passiva, de acordo com a Procuradoria-Geral da República. Ruy Carneiro é de opinião que a força da opinião pública será decisiva no desfecho do impasse institucional reinante e lembrou que um percentual elevado de entrevistados em pesquisas realizadas já manifestou opinião pela saída de Temer, com o cumprimento da Constituição que, atualmente, prevê eleição indireta para o preenchimento do cargo, o que poderá favorecer o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, do Democratas.
Ele admitiu que, diante do desgaste enfrentado, o governo de Temer fica tolhido até certo ponto na legitimidade para propor reformas como as que foram encaminhadas ao Congresso, a exemplo da trabalhista e da previdenciária. Justificou, todavia, que as reformas em si são necessárias para modernizar relações de trabalho no âmbito da sociedade brasileira. Ruy está convencido de que a instabilidade ora reinante prejudica as expectativas por adoção de medidas que atendam a demandas populares, mas ressaltou que a atmosfera é reflexo de decisões recentes como o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, do Partido dos Trabalhadores.
O presidente estadual do PSDB assegurou que a cúpula da legenda não será tolerante com filiados que comprovadamente estejam envolvidos em atos de corrupção, pontuando que para ter autoridade que lhe permita criticar os outros o partido dos tucanos deve dar exemplos dentro de casa. Assim é que ele comentou o caso do senador Aécio Neves (MG) que retomou o mandato parlamentar e escapou da ameaça de prisão que lhe foi sinalizada. Frisou que Aécio deve dispor de ampla margem de defesa, com vistas a oferecer respostas a acusações que lhe tem sido formuladas. E se ficar constatado que realmente é culpado, ou seja, teve participação em atos ilícitos, não deve contar com a benevolência da cúpula tucana. Ruy fez alusão, ainda, aos preparativos do PSDB para disputar as eleições de 2018, dizendo esperar que a agremiação tenha candidaturas competitivas que contribuam para seu fortalecimento efetivo.
Entre os integrantes de outras agremiações há sinais de divisão acerca da manutenção ou não do apoio ao governo do presidente Michel Temer. Mas as cúpulas sabem que terão que oficializar a devolução de cargos do governo federal eventualmente ocupados por seus filiados, como explicou Ruy Carneiro, didaticamente. Na bancada do PMDB paraibano há expoentes que, inclusive, sonham com a ocupação de ministérios, na gestão Temer, a exemplo de André Amaral, que sucedeu a Manoel Júnior, que veio se investir na vice-prefeitura de João Pessoa. Amaral cogita assumir o ministério da Cultura, todavia, o Planalto evita fazer nomeações de políticos nesta fase para não oferecer pretextos à oposição de acusá-lo de barganhar cargos por votos a favor da permanência de Michel Temer.
Nonato Guedes