Os senadores paraibanos Cássio Cunha Lima (PSDB) e Lindbergh Farias – este representante do Estado do Rio e filiado ao PT desentenderam-se ontem durante a votação da reforma trabalhista. O clima foi bastante tenso durante a sessão, com bate-boca, ocupação da mesa dos trabalhos por três senadoras, suspensão por 7 horas e até “apagão”. Ainda assim, o plenário aprovou por 50 votos a 26 o projeto de reforma que praticamente extingue a CLT, Consolidação das Leis do Trabalho, herança da Era Vargas e durante muito tempo cultuada como dogma por entidades sindicais que representam os trabalhadores.
O presidente Michel Temer (PMDB) comemorou o resultado que se deu com a rejeição de emendas e anunciou que sancionaria prontamente o texto. Para ele, houve coragem por parte do governo ao propor mudanças que eram reclamadas e nunca postas em prática. Os três senadores paraibanos – Cássio Cunha Lima (PSDB), Raimundo Lira e José Maranhão, do PMDB, votaram favoravelmente à proposta do Planalto. As senadoras Gleisi Hoffmann (PT-PR), Fátima Bezerra (PT-RN) e Vanessa Graziottin (PCdoB) praticamente “acamparam” nas poltronas da Mesa Diretora e travaram bate-boca com o presidente da Casa, Eunício Oliveira (PMDB-CE) por se recusar a deixar o recinto. Num dos momentos de exaltação, Cássio afirmou que a reforma teria que ser votada “de qualquer jeito” ontem, advertindo que o Congresso não pode paralisar votações de matérias consideradas relevantes.
Diante da impossibilidade de ter votos suficientes para derrotar o governo na reforma, a oposição recorreu à ocupação do espaço físico da Mesa logo no final da manhã. Eunício Oliveira estava perplexo ao passar quase todo o dia tentando retomar o posto. “É a primeira vez que vi isso na minha vida”, disparou. O bloco feminino foi engrossado pelas senadoras Kátia Abreu (PMDB-TO) e Lídice da Mata (PSB-BA). As “invasoras” tiveram direito a almoço de quentinhas no escuro, mas a atitude delas irritou profundamente o presidente Eunício Oliveira, que desligou os microfones e ordenou que as luzes fossem apagadas. Os opositores da proposta oficial dizem que as novas regras expõem os trabalhadores a riscos, num momento em que o desemprego continua em alta e a economia do país tem dificuldades para sair da recessão. A reforma também acaba com o imposto sindical obrigatório que sustenta os sindicatos, permite parcelar férias em três períodos e cria jornadas de trabalho mais flexíveis que as previstas em lei hoje. A reforma da Previdência, outra prioridade de Temer, está pronta para ser posta em votação no plenário da Câmara, mas a crise política paralisou a sua discussão.
Nonato Guedes, com agências