Fontes políticas credenciadas de Campina Grande asseguram que o prefeito Romero Rodrigues, reeleito em 2016 para um novo mandato, cada vez mais ensaia passos para romper o “cordão político umbilical” com o senador Cássio Cunha Lima, do PSDB, e obter autonomia de voo no cenário estadual. O exemplo mais sintomático é a obstinação do alcaide de Campina em concorrer ao governo do Estado. Por uma deferência a Cássio, ele menciona o nome do senador como alternativa de peso para a disputa de 2018, mas já coloca seu próprio nome de modo afirmativo. Um outro sintoma da postura autonomista de Romero está na sua afirmação de que não é obrigatório o lançamento de candidatura única pelas oposições à chapa majoritária no próximo ano, salientando que o cenário comporta mais de uma candidatura, podendo haver convergência num virtual segundo turno.
O prefeito reeleito de Campina, de acordo com as fontes, foge das cobranças para firmar compromisso de apoio à candidatura do prefeito reeleito de João Pessoa, Luciano Cartaxo (PSD) ao governo do Estado. A avaliação de Romero seria a de que os dois estão em pé de igualdade para disputar o Palácio da Redenção, tendo em vista que se reelegeram em primeiro turno e têm sido bem aprovados como administradores. Por outro lado, Romero raciocina que não há o tabu de que candidatos a governador oriundos de João Pessoa devem ter prioridade em composições, lembrando que o próprio Cássio, cuja base de militância inicial era Campina, foi candidato duas vezes e duas vezes vitorioso, apenas perdendo a terceira tentativa para Ricardo Coutinho em 2014. Há, ainda, os exemplos de José Maranhão, natural de Araruna, Roberto Paulino, de Guarabira, e o próprio Luciano Cartaxo, natural de Sousa mas com raízes políticas fincadas a partir da Capital.
Nas conversas “em off” que tem mantido, Romero enaltece a importância política de Cássio como líder das oposições e seu prestígio pontual em Campina Grande, mas lembra que na sua campanha à reeleição a prefeito não pôde contar com um maior engajamento de Cunha Lima, que teve que se desdobrar comparecendo a eventos em outras localidades do Estado que lhe dão suporte político-eleitoral. Apesar do parentesco entre Romero e Cássio, as posturas de ambos divergem em certas ocasiões, ressaltam as fontes credenciadas, alertando que isto se dá sem prejuízo do respeito mútuo e da luta pelo entendimento que eles fazem questão de cultivar. Romero, que já foi deputado estadual e deputado federal, acredita intimamente que está apto a compor qualquer chapa majoritária, inclusive, na cabeça de chapa, com a vantagem de despontar como opção renovadora no panorama paraibano. Em termos partidários, o prefeito da Rainha da Borborema também reconhece o domínio de Cássio nas hostes do PSDB, mas avalia que se for considerado um obstáculo para 2018 pode migrar rumo a outra legenda em que disponha de liberdade de ação.
– O prefeito de Campina Grande quer se testar politicamente do ponto de vista da sua projeção no Estado, o que é um direito legítimo que não pode ser ignorado – conclui um interlocutor muito próximo de Romero Rodrigues, alertando os analistas políticos para não serem colhidos de surpresa com reviravoltas que possam emergir de Campina Grande, “por si só pródiga nessas mudanças”. Enfim, é lembrado nas hostes ligadas a Romero que Cássio larga com vantagem para uma disputa à reeleição ao Senado, de onde poderá se projetar cada vez mais para papéis extremamente relevantes no cenário político nacional. O exemplo mais emblemático da autonomia perseguida por Romero foi a substituição de Ronaldo Cunha Lima Filho (Ronaldinho) como vice-prefeito na chapa para o segundo mandato. O novo vice-prefeito de Romero é Enivaldo Ribeiro, pai do deputado federal Aguinaldo Ribeiro e da deputada estadual Daniella Ribeiro, todos filiados ao Partido Progressista (PP).
Nonato Guedes