O deputado estadual Jeová Campos, do PSB, afirmou, ontem, ter recebido com muita apreensão a nomeação da doutora Raquel Elias Ferreira Dodge como procuradora-geral da República, feita pelo presidente Michel Temer. Jeová observa que a substituta do procurador Rodrigo Janot é “uma chefe comandada” por Temer, insinuando que ela não teria isenção para se portar à altura do cargo. “A nomeação da Sra. Raquel Dodge significará o fim da independência do Ministério Público Federal desde a época dos governos de Lula e Dilma”, salientou o parlamentar sertanejo.
Jeová deu a entender que a permanência da ex-subprocuradora à frente da PGR constituirá um grande golpe para a autonomia que, por lei, deve ter o Ministério Público Federal. “Ela irá cumprir um papel parecido com o do engavetador geral da República na época de Fernando Henrique Cardoso, Geraldo Brindeiro”, prognosticou o parlamentar paraibano. E arrematou, após ouvir a sabatina de Dodge na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania da Câmara: “Ao que tudo indica, nós vamos ter uma operação cala-boca dentro do Ministério Público com a nova titular”. Citou como exemplos de incongruência as afirmações da Procuradora de que o colegiado é quem deve prevalecer, que Aécio Neves (PSDB) deve estar solto e, mais do que isso, deve voltar a ser senador. “Para mim, é um indicativo do que vem por aí”.
Por sua vez, o deputado federal Aguinaldo Ribeiro, do PP-PB, líder da bancada na Câmara, considera temerária a pressão para que o Legislativo afaste do cargo o presidente da República Michel Temer, com base na denúncia que foi formulada acusando-o da suposta prática de corrupção passiva. “Não podemos punir um homem que eu considero inocente até que se prove o contrário”, ponderou o deputado Aguinaldo Ribeiro, alertando que manobras para afastamento de Temer equivaleriam, na prática, a uma condenação antecipada e sem justificativa, “o que é um absurdo na atual conjuntura”.
Nonato Guedes