Os petistas, em todo o país, ainda estão atônitos com o destino político do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que embora responda em liberdade à pena de condenação de nove anos imputada pelo juiz Sergio Moro foi considerado inelegível por quase uma década, o que o impediria de voltar a concorrer ao Planalto em 2018, que é sua grande aspiração. Apesar de afirmar, em tom de aparente bravata, que “está no jogo”, o ex-presidente sabe que o cenário não lhe é tão propício. Ontem, o líder petista no Senado, Lindbergh Farias (RJ), que é natural de João Pessoa, defendeu que o partido não oficialize candidato à presidência da República caso o ex-presidente Lula seja impedido de concorrer.
Lindbergh assegurou que a proposta está em discussão dentro do partido e explicou que, nessa hipótese, o Partido dos Trabalhadores lançaria candidaturas aos demais cargos, exceto ao mais importante deles. “Vamos eleger uma bancada denunciando o golpe”, exortou Farias. Lula concedeu entrevista coletiva, ontem, ontem em São Paulo na sede do diretório nacional do PT. 300 militantes e apoiadores do ex-presidente promoveram um “abraço simbólico” a Lula na rua. No carro de som, anunciava-se a mobilização como lançamento da pré-candidatura do petista. “Quem acha que é o fim do Lula vai quebrar a cara. Quem tem o direito de decretar o meu fim é o povo brasileiro”, reforçou Lula, falando na terceira pessoa, como é do seu estilo.
A postura de Lindbergh defendendo a ausência do PT da próxima disputa presidencial contradiz o que ele afirmou no calor da emoção em comício improvisado em frente ao prédio do diretório nacional. Na ocasião, ele propôs: “Vamos lançar Lula imediatamente candidato à presidência”. A senadora Gleisi Hoffmann, do Paraná, nova presidente nacional do partido, ameaçou: “Quem quiser impedir a candidatura do ex-presidente vai responder pela instabilidade política no país. Não vamos admitir uma eleição sem Lula”. Luiz Marinho, presidente da seção paulista do PT, fez coro com as manifestações e anunciou que o petista deverá percorrer o país, começando, provavelmente, no próximo dia 20 de julho, quando está programada uma manifestação na avenida Paulista.
Lula prometeu recorrer da condenação em todas as instâncias e foi enfático ao assinalar que não há provas suficientes na decisão do juiz Sergio Moro, tudo não passando de uma tentativa de tirá-lo do jogo. “Ficaria mais feliz se eu fosse condenado com base em uma prova. O que me deixa indignado, mas sem perder a ternura, é perceber que fui vítima de um grupo de pessoas que contou uma primeira mentira e passa a vida para justificar aquela primeira mentira. Não sei como alguém consegue escrever quase 300 páginas para não dizer absolutamente nada”. O ex-ministro da presidência de Lula, Gilberto Carvalho, disse que o PT não esperava a decisão de Sergio Moro de condenar o ex-presidente. Carvalho afirmou que a sentença não se baseia em provas concretas mas em deduções. “Nenhum brasileiro, nem o Lula, pode ser condenado por convicções, sem provas”. O ex-presidente Lula, em vária oportunidades, criticou os métodos da Lava Jato e a cobertura da imprensa, citando nominalmente a revista Veja e a TV Globo.
Nonato Guedes, com agências