Líder do governo na Câmara Federal, o deputado paraibano Aguinaldo Ribeiro, do PP, desafiou a oposição a provar que tem votos suficientes naquela Casa para autorizar o prosseguimento de ação contra o presidente Michel Temer (PMDB). “Quem tem de ter voto para aprovar a denúncia é ela (a oposição). Nós não temos esse problema. Vamos ter os votos, da mesma forma que tivemos na terceirização, na reforma trabalhista e na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania. Não tenho dúvidas de que venceremos no plenário”, asseverou Aguinaldo Ribeiro.
Devido à reduzida presença de deputados em plenário, ontem, a Mesa da Câmara Federal adiou para segunda-feira a leitura do parecer alternativo aprovado pela CCJ e que recomenda a rejeição da denúncia contra o presidente Temer por corrupção, apresentada pela Procuradoria Geral da República. A leitura do parecer alternativo é uma das etapas necessárias antes da votação no plenário, marcada para o dia dois de agosto. A partir daí, o parecer será publicado no Diário Oficial da Câmara e o presidente Rodrigo Maia (DEM-RJ) será notificado para que possa incluir a denúncia na pauta de votação.
Na sessão de ontem, compareceram apenas 19 parlamentares, quando se exigia a presença de pelo menos 51, o que acabou gerando o cancelamento dos trabalhos. A partir de terça-feira o Congresso Nacional entrará em recesso e somente retomará as suas atividades na primeira semana de agosto. O deputado Baleia Rossi (PMDB-SP), líder peemedebista na Câmara, afirmou que o recesso parlamentar não deverá ter impacto na votação da denúncia contra o presidente Michel Temer. Ele se disse confiante de que até agosto a base governista possa agregar o mínimo necessário de votos para a vitória em plenário. “Acho que tivemos uma vitória importante na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania, com 41 deputados votando contra a denúncia. A minha expectativa é de que esse resultado se reflita no plenário, com uma vitória também importante do governo”.
Líderes oposicionistas confiam em que durante o recesso a pressão popular poderá favorecer o convencimento dos indecisos em favor da denúncia. O deputado Chico Alencar, do Psol-RJ, anunciou que será intensificado o contato direto com segmentos representativos e previu que isto pode vir a ter influência no resultado final. Ao mesmo tempo, acredita que novas denúncias poderão eclodir no período, reforçando as premissas invocadas pelo procurador-geral Rodrigo Janot para oficializar a denúncia envolvendo o presidente Michel Temer. Os partidos de oposição farão um levantamento sobre as emendas parlamentares prometidas aos deputados pelo governo em troca de votos na CCJ. Para os oposicionistas, a manobra pode caracterizar corrupção ativa por parte do governo e corrupção passiva por parte dos deputados. O líder do PMDB rebateu o argumento assegurando que a acusação não tem fundamento.
Nonato Guedes