Desde a campanha eleitoral em 2016 quando concorreu à reeleição a prefeito de João Pessoa, saindo vitorioso, Luciano Cartaxo (PSD) tem brigado com os fatos negando qualquer interesse em disputar o governo do Estado no próximo ano e repetindo, como um samba de uma nota só, que “o foco prioritário é na gestão”. O alcaide, agora, dá sinais de que optou por abandonar essa tática. Ele retomou andanças por municípios do interior, como parte da estratégia para “estadualizar” sua imagem. Nessas ocasiões, conversa com líderes políticos e buscar sentir o pulso deles quanto a projeções para o próximo ano.
No final de semana, Luciano Cartaxo esteve em Lucena, na região litorânea, fazendo-se acompanhar pelo deputado federal Benjamin Maranhão, do Solidariedade. Nos bastidores, o empenho do prefeito da Capital é no sentido de costurar a manutenção da aliança que integrou o consórcio do seu esquema para a reeleição e que contou com partidos como o PMDB do senador José Maranhão e o PSDB do senador Cássio Cunha Lima. Dentro desses partidos, pipocam ambições de filiados ilustres que estão de olho na indicação para candidatura ao governo e que se valem do pretexto da “candidatura própria” como alegação forte para sensibilizar militantes que formam as bases.
Na visita a Lucena, Cartaxo destacou a importância em conhecer a realidade de cada cidade, bem como discutir a formulação de políticas públicas viáveis para o desenvolvimento do Estado nos diferentes níveis. Uma candidatura a governador já é admitida por Luciano como natural por sinalizar o coroamento de uma trajetória pontuada por mandatos como o de vereador, deputado estadual, vice-governador e prefeito da Capital. Mas ele vai além: confessa sua preferência por uma chapa competitiva para dar combate ao esquema governista liderado por Ricardo Coutinho, do PSB. E entende que a chapa competitiva depende da formação de uma aliança ampla que dê respaldo ao discurso e contribua para atrair votos. Um interlocutor bastante próximo de Cartaxo avalia que a parte mais difícil é o convencimento de líderes de outros partidos sobre o potencial agregador da sua candidatura ao Palácio da Redenção.
O senador José Maranhão, em que pese não avançar restrições à pretensão de Cartaxo em disputar o governo, tem sido enfático ao revelar que o apoio ao PSD no próximo ano “ainda precisa ser conversado”. O partido de Maranhão foi contemplado, na eleição de 2016, com a indicação do então deputado federal Manoel Júnior para compor a chapa de Cartaxo como candidato a vice. A perspectiva de Júnior vir a ser efetivado como titular e poder concorrer à reeleição é um dos trunfos acenados por Luciano Cartaxo para fazer o senador Maranhão desistir de “pensar naquilo”, ou seja, no Palácio da Redenção, que já ocupou por três vezes.
Por Nonato Guedes