O jornalista Mino Carta, proprietário da revista “CartaCapital” e primeiro editor da revista “Veja”, é um dos convidados do governador Ricardo Coutinho (PSB) para o evento denominado “Pense – Ciclo de Debates Contemporâneos da Paraíba”, marcado para ocorrer a partir do dia 27 próximo no Espaço Cultural, reunindo grandes nomes nacionais para a discussão de temas relevantes da atualidade. O governador esteve com o jornalista na semana passada quando foi a São Paulo se solidarizar com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em face da condenação imposta pelo juiz Sergio Moro.
Mino e “CartaCapital” apoiaram Lula na eleição e na reeleição. Em artigo publicado na mais recente edição impressa da revista, Mino confessa que apoiaria Lula novamente hoje por considerar que ele foi o melhor presidente que o Brasil teve. Observa que, nem por isso, deixou de escrever no seu espaço que no poder o PT portou-se como todos os demais pseudopartidos brasileiros “e que não soube combater dignamente a batalha do impeachment de Dilma Rousseff”. Para Mino Carta, de um modo geral Lula portou-se de forma tíbia nos momentos cruciais. Ele adianta: “O próprio Lula não enfrentou a ameaça da Inquisição com o peso da sua liderança, como não lhe percebesse a extraordinária dimensão ou confiasse cegamente nas negociações de bastidor”.
– Fico pasmo, hoje, ao me perguntar onde estão aqueles 90% de eleitores que choraram com Lula, quando, em companhia de Marisa, desceu pela última vez a rampa para cair nos braços do povo aglomerado na Praça dos Três Poderes. E na minha dolorosa perplexidade, pergunto aos meus botões onde está o erro? É de uma regra transcendente caber a um partido de esquerda despertar o povo e ao sindicato defender seus representados até o derradeiro alento. Não foi o que se deu, donde a necessidade intransponível de um mea culpa – pontua o jornalista. O Ciclo de Debates em João Pessoa trará, ainda, o ex-ministro da Comunicação, Franklin Martins, que criou polêmica ao defender a regulação dos meios de imprensa no governo Lula, os jornalistas Luís Nassif e Durval Muniz e “notáveis” de outras áreas que dissertarão sobre temas como Mídia, Poder e Cidadania. O governador diz que já há algum tempo cogita trazer personalidades que possam contribuir para debate e reflexão por parte da sociedade sobre os tempos atuais.
Prevenindo que se manifesta como jornalista e cidadão, Mino Carta reitera que é hora de encarar a realidade, repensar em táticas e estratégias, voltar aos propósitos originais. “É hora de autocrítica e renovação, para despir-se corajosamente da tola aposta em algum gênero de acordo com a “casa-grande”, a qual não é, definitivamente, de direita, é simplesmente o poder diante de uma nação ignara e aturdida (…) Mantenho com Lula uma sólida amizade de quatro décadas e me orgulho de ter sido o primeiro jornalista a lhe perceber o extraordinário carisma e QI elevado. O único, o autêntico líder popular brasileiro. Talvez surjam outros, embora seja grave que não tenham assumindo até agora a ribalta. É hora, tal é a minha visão de jornalista, de cidadão, de mergulhar em um profundo exame de consciência, desabrido e sincero, entre o fígado e a alma”.
Deixando transparecer certo passionalismo em face da conjuntura, Mino Carta afirma que se o país fosse aquele que haveria de ser, os brasileiros teriam paralisado o Brasil desde a noite do dia 11, sem arredar pé das ruas e praças até o momento, como protesto à decisão do Senado de aprovar a reforma trabalhista. Para o jornalista, o Senado, “vergonhosamente”, enterrou a CLT em um punhado de horas, bem como a garantia de trabalho oferecida por Getúlio Vargas à classe operária, um tribunal inspirado nos ditames do Santo Ofício para sentenciar os hereges aos autos de fé mas que acabou condenando sem provas o presidente mais amado do Brasil”. Apropriadamente, o título do editorial de Mino Carta sobre estes fatos é: “Cadê o povão?’.
Nonato Guedes