Líderes políticos de diferentes partidos, que participaram, ontem, em João Pessoa, do primeiro ato público em nível nacional por eleições diretas-já para presidente da República, projetaram o nome do governador Ricardo Coutinho (PSB), anfitrião da mobilização, como alternativa para compor chapa presidencial. O socialista desconversou diante das especulações e disse que defende a união da esquerda em torno de um projeto para a recuperação do País, após prolongada crise política e econômica.
A senadora Fátima Bezerra, do PT do Rio Grande do Norte, que é paraibana, confessou que vários segmentos do PT enxergam com simpatia o nome do governador Ricardo Coutinho em uma dobradinha com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A manifestação ocorrida no Ponto de Cem Réis, no Centro de João Pessoa, atraiu grupos representativos de movimentos sociais e sindicais, que tinham como ponto em comum a reivindicação de afastamento do presidente Michel Temer (PMDB), acusado de trair os interesses populares e de se impor no governo sem legitimidade.
A presidente nacional do Partido dos Trabalhadores, Gleisi Hoffmann, esteve presente, bem como os senadores Roberto Requião e Lindbergh Farias. Gleisi considerou significativa a deflagração de nova mobilização pelas diretas-já na Paraíba e salientou que foi lançada uma semente que terá desdobramentos naturais. “Nós vamos ter atos como esse espalhados no Brasil inteiro”, comentou a primeira mulher a presidir o PT nacional. Circularam rumores entre petistas de um possível retorno do governador Ricardo Coutinho às hostes da agremiação, o que não foi confirmado pelo gestor. A projeção de retorno de Ricardo ao PT coincide com o definhamento dos quadros do PSB em nível nacional. Sexto maior partido na Câmara com 36 deputados em exercício, a bancada do PSB pode voltar ao tamanho que tinha antes das eleições de 2006 caso 14 integrantes se filiem ao DEM e PMDB. Em 2002, foram eleitos 22 deputados pela legenda.
A hipótese de debandada nas fileiras socialistas tornou-se pública após parte da bancada descumprir decisão da executiva nacional e votar a favor da reforma trabalhista, com anuência da líder Tereza Cristina (MS). As divergências levaram-na a negociar a mudança de sigla junto a dissidentes, com o presidente da Câmara Federal, Rodrigo Maia, do DEM-RJ. Apesar da redução, aliados da direção partidária afinaram discurso e avaliam que a mudança é positiva porque manterá a coesão interna entre os filiados e evitará que o PSB se transforme em um partido sem coerência ideológica.
Nonato Guedes