A secretária de Desenvolvimento Humano do Estado, Cida Ramos, que representava o governador Ricardo Coutinho (PSB) na palestra da ex-presidente Dilma Rousseff sobre Gestão Pública no auditório da reitoria da Universidade Federal da Paraíba no sábado, foi vaiada por manifestantes contrários à terceirização da Educação implantada pela administração de Ricardo. O presidente estadual do PT, Jackson Macêdo, negou que a manifestação tivesse sido orquestrada por militantes petistas que repudiam a política de terceirização de serviços públicos. Jackson frisou que o que o PT tinha a manifestar sobre o assunto já o externou em nota do conhecimento público, quando alegou discordar da decisão de governo. Fora daí, lembrou que o PT na Paraíba mantém pontos de concordância com outras medidas da gestão de Ricardo e vê com bons olhos o tratamento dispensado pelo chefe do Executivo a líderes nacionais da legenda como os ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff.
Cida Ramos, que foi candidata a prefeita de João Pessoa em 2016, não escondeu seu desconforto com as vaias que, segundo Jackson, teriam partido de outros manifestantes não filiados ao PT. Cida procurou contornar o mal-estar desviando o foco para a defesa da ex-presidente Dilma Rousseff em virtude do processo de impeachment que ela enfrentou e que a afastou do Palácio do Planalto. Ao mesmo tempo, coincidindo com o tom utilizado pela ex-presidente Dilma Rousseff, a secretária do governo Ricardo Coutinho lamentou a supressão de conquistas dos trabalhadores por parte do governo de Michel Temer (PMDB) mediante propostas de reformas que se arrastam no Congresso em ambiente de controvérsia entre os diferentes partidos. A ex-presidente Dilma Rousseff pontuou que há uma sucessão de golpes no País e que desse contexto fazem parte as reformas que retiram direitos adquiridos dos trabalhadores durante campanhas cívicas memoráveis travadas no País. A ex-presidente Dilma Rousseff foi recebida pelo governador Ricardo Coutinho na Granja Santana, quando discutiram aspectos relacionados com a conjuntura nacional, mas o governador alegou outros compromissos que o impediram de prestigiar a palestra na UFPB, mediada pela Fundação Perseu Abramo, instituto de estudos políticos que é vinculado ao Partido dos Trabalhadores.
Um dia antes da chegada de Dilma realizou-se um ato público pela convocação de eleições diretas para presidente da República, fazendo-se presentes as senadoras Gleisi Hoffmann (PR), presidente nacional do Partido dos Trabalhadores, Fátima Bezerra (PT-RN), senador Lindberg Farias (PT-RJ) e Roberto Requião (PR). Lindbergh Farias, que é natural de João Pessoa e foi candidato derrotado ao governo do Rio, fez críticas ao senador paraibano Cássio Cunha Lima, do PSDB, pelo seu apoio manifestado a medidas consideradas impopulares, adotadas pelo governo do presidente Michel Temer, do PMDB. O governador Ricardo Coutinho, em declarações à imprensa, frisou que o governo do presidente Michel Temer não tem legitimidade para impor as reformas, até porque não discutiu o seu conteúdo com a sociedade. No que diz respeito à convocação de eleições diretas, expressou que este é um sentimento dominante junto a setores majoritários da sociedade brasileira, que ainda não absorveram o impeachment de Dilma Rousseff e que se encontram frustrados com as medidas tomadas pela gestão de Michel Temer.
Nonato Guedes