Em evento na cidade de Patos no final de semana, o governador Ricardo Coutinho (PSB) demonstrou ter assumido o desafio de massificar a candidatura do secretário de Infraestrutura e Recursos Hídricos, João Azevedo, à sua sucessão em 2018. O chefe do Executivo estadual fez um apelo para que lideranças políticas e sociais “se deem as mãos” num esforço para que haja continuidade na execução de programas que são prioritários no atual governo e que beneficiam milhares de famílias em diferentes regiões.
João Azevedo passou a acompanhar o governador com mais frequência em solenidades de entrega de obras e seu nome tem sido defendido, igualmente, por aliados políticos de Coutinho como a melhor alternativa para que haja prosseguimento dos projetos postos em prática desde a primeira gestão do socialista, instalada em janeiro de 2011. Reconhecido como um técnico de nível, que fez intervenções valiosas em obras estruturantes, sobretudo em João Pessoa, em cuja prefeitura atuou, João Azevedo já chegou a ser cogitado pelo governador para disputar a prefeitura da Capital em duas eleições consecutivas, em 2012 e 2016. Acabou sendo substituído, porém, pela atual deputada estadual Estelizabel Bezerra e pela secretária de Desenvolvimento Humano, Cida Ramos, que, no entanto, não avançaram para o segundo turno.
A decisão de encampar a candidatura de Azevedo ao governo do Estado é avaliaada como “ousada” no próprio círculo do governador socialista, mas alguns interlocutores de Ricardo afirmam que ele aposta na busca do eleitor por opções desvinculadas do atual cenário político, que enfrenta um profundo processo de desgaste em virtude do envolvimento em escândalos e recebimento de propins. Até o momento, em operações de impacto como a Lava-Jato, o nome do governador Ricardo Coutinho não foi citado em qualquer depoimento de empresários ou políticos chamados para depor. A pré-candidatura de João Azevedo passa a ganhar espaços, também, em redes sociais, numa iniciativa voluntária de simpatizantes do governador Ricardo Coutinho, que repetem o seu argumento de que a Paraíba não pode correr o risco de ser entregue ao comando de “aventureiros políticos” ou de políticos que já administraram o Estado mas não demonstraram compromisso concreto com o bem-estar coletivo e com o desenvolvimento daa Paraíba. Avaliaa-se, ainda, no círculo íntimo ligado a Ricardo, que as oposições tendem a se desunir para as eleições majoritárias de 2018, comn a pulverização de candidaturas a governador, numa tática que retira votos e favorece a penetração do esquema governista.
No que diz respeito a uma suposta permanência do governador Ricardo Coutinho no exercício do mandato até o último dia, até como parte da estratégia para fazer vitoriar a candidatura de João Azevedo, é hipótese que somente será decidida mais na frente, após reuniões de avaliação que o “staff” ligado ao governante deverá intensificar, debruçado sobre dados referentes à conjuntura que se forma para as eleições de 2018. Ricardo promete enfatizar, nos discursos, a estabilidade da situação econômica e social da Paraíba, a despeito da crise que tem afetado Estados influentes como o do Rio de Janeiro, bem como realçará o esforço hercúleo da sua administração, que tem resultado no pagamento em dia aos servidores públicos e na garantia de uma situação de equilíbrio financeiro e fiscal para o Estado. Esses fatos poderiam ter efeito colateral para alavancar a candidatura do secretário João Azevedo, na opinião de fontes muito próximas do governador.
Nonato Guedes