Com as mutações políticas que estão ocorrendo no cenário nacional e, por tabela, na Paraíba, em meio a rumores sobre remanejamento de posições para disputa de mandatos eletivos em 2018, começa a ganhar força a especulação de que o deputado federal Efraim Filho, líder do Democratas na Câmara, poderá vir a encarar a hipótese de concorrer a uma vaga de senador nas próximas eleições. Ele estaria sendo persuadido com o argumento de que deverá haver um vácuo quanto à participação de líderes políticos já carimbados, supostamente receosos de arriscar candidaturas à reeleição ou à eleição a cargos majoritários.
Um dos exemplos citados, de políticos com chances de reavaliar posições na conjuntura do próximo ano, é o senador Cássio Cunha Lima, do PSDB. Por algum tempo ele foi mencionado como alternativa para concorrer ao governo do Estado em 2018. Já se elegeu duas vezes para o cargo – em 2002 e 2006, perdendo a terceira vez, em 2014, para Ricardo Coutinho (PSB). No segundo mandato executivo que ocupava, mais precisamente em fevereiro de 2009, Cássio foi cassado pelo Tribunal Superior Eleitoral, acolhendo representação movida por adversários políticos que alegaram prática suposta de conduta vedada na campanha de 2006 e de improbidade administrativa quando do novo exercício da gestão, alegações que Cunha Lima lutou para desqualificar. Com o resultado, ele desabafou ter sido vítima do maior erro judiciário do país. Os dez anos da primeira cassação de Cunha Lima, no âmbito do TRE, foram completados no final de semana, como registrou este site, com exclusividade, inclusive, mencionando depoimento de Cássio sobre o episódio.
Atualmente, Cássio torce para que a Justiça casse o mandato do governador Ricardo Coutinho, seu atual adversário, por suposta irregularidade (uso para fins eleitoreiros) à frente do programa Empreender-PB, que beneficia o microempresário na Paraíba. O senador tucano alcançou projeção nacional, sendo atualmente o primeiro vice-presidente do Senado e já tendo assumido efetivamente a presidência em casos de licença requerida pelo titular, Eunício de Oliveira, do PMDB do Ceará. Também tem se destacado dentro do PSDB desde o processo de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, colocando-se na linha de frente. No cenário para 2018, Cássio enfrenta nas próprias hostes do PSDB a postulação do prefeito reeleito de Campina Grande, Romero Rodrigues, ao governo do Estado. Quanto à hipótese de disputar a reeleição ao Senado, está repensando, com base num mapeamento da situação nacional envolvendo, inclusive, o financiamento de campanhas por parte de doadores nos termos da lei, o que teria ficado prejudicado com os efeitos da Operação Lava Jato que alcançou empresários e políticos.
No reverso da medalha, o deputado federal Efraim Filho antevê perspectivas de uma vitória a uma das cadeiras do Senado em 2018. Se concorrer e sair vitorioso, repetirá a trajetória política do pai, Efraim Morais, que foi eleito senador derrotando um dos pesos-pesados da política paraibana, o ex-governador Wilson Braga e chegou a exercer a primeira-secretaria do Senado, além de ter influência nas deliberações da Mesa e no âmbito do plenário, com a propositura de Comissão Parlamentar de Inquérito para investigar conexões ilícitas alimentadas pelo governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A CPI dos Bingos, articulada por Efraim Morais, irritou o ex-presidente Lula, que a qualificou de “CPI do fim do mundo” mas demonstrou ilícitos que comprometiam o líder petista. Atualmente, Efraim pai não exerce mandato político, ocupando secretaria em nível de assessoramento no governo do socialista Ricardo Coutinho. Efraim Filho, por sua vez, cada vez mais se destaca no âmbito parlamentar em Brasília, carreia benefícios para municípios onde atua politicamente na Paraíba e tem influência em decisões como a desta semana, envolvendo a tentativa de impeachment do presidente Michel Temer sob acusação de corrupção passiva. Efraim Filho não assume oficialmente, por enquanto, a pretensão de concorrer ao Senado em 2018.
Nonato Guedes