O presidente Michel Temer (PMDB) assumiu o recurso ao “vale-tudo” para se manter no cargo, na véspera da votação, pela Câmara, de autorização ou não para o prosseguimento do processo contra ele por corrupção passiva, conforme a denúncia da Procuradoria Geral da República. No afã de permanecer no cargo, o peemedebista admite até mesmo exonerar 12 ministros-deputados, possibilitando que eles votem em plenário a seu favor. A votação está confirmada para amanhã e o ministro da Secretaria de Governo da Presidência, Antonio Imbassahy, foi enfático ao confirmar: “O governo vai continuar buscando quórum e aguardando que isso traga um resultado bom”.
Os ministros que são deputados licenciados e podem voltar à Câmara dentro da operação emergencial são: Antonio Imbassahy, Bruno Araújo, Maurício Quintella, Osmar Terra, Leonardo Picciani, Raul Jungmann, Mendonça Filho, Ronaldo Nogueira, Ricardo Barros, Fernando Coelho Filho, Sarney Filho e Marx Beltrão. Desde domingo o presidente mantém reuniões e contatos frequentes com interlocutores próximos, fazendo contagem realista dos votos que calcula ter e definindo estratégias para a sessão da Câmara que vai analisar a denúncia contra ele. O retrato mais real dos votos esperados a favor de Temer só poderá ser contabilizado amanhã, conforme os interlocutores. No cenário mais otimista entre os auxiliares do presidente, este teria pelo menos 250 votos a seu favor e, assim, poderia mostrar força para aprovar a reforma da Previdência até o fim de agosto. Entre os mais realistas, fala-se em cerca de 200 votos.
A oposição necessita de 342 votos para que a denúncia por corrupção passiva contra o presidente prossiga rumo ao Supremo Tribunal Federal. Nesse cenário, Temer seria afstado por até 180 dias, enquanto o presidente da Câmar, Rodrigo Maia, do DEM-RJ, assumiria o posto. A participação de líderes como os deputados paraibanos Efraim Filho (DEM) e Aguinaldo Ribeiro (PP) será crucial em busca do quórum no plenário paara que se cumpra o rito constitucional e regimental na votação d denúncia., Uma pesquisa do Ibope encomendada pel ONG Avaaz mostra que 81% dos entrevistados são favoráveis à continuidade do processo contra Temer por corrupção passiva, enquanto 14% são contrários e 5% não sabem ou não responderam. O Ibope ouviu mil pessoas por telefone entre os dias 24 e 26 de julho.
Em Brasília, o panorama divide-se entre os “envergonhados”, que não antecipam declaração de voto porque pretendem ficar ao lado do presidente Michel Temer e os “assumidos”, que ostensivamente revelam como vão se posicionar durante a votação aguardada com grande expectativa em todo o país. Nas reuniões ocorridas nas últimas horas ficou definido que a base do governo apresentará um requerimento na sessão de amanhã para encerrar o debate e iniciar logo a votação. Muitos deputados torcem para evitar que sejam desgastados em meio aos debates acalorados que poderiam permear a sessão convocada para amanhã. O consenso dominante é apenas um: a necessidade de não postergar mais a votação, a fim de que os interesses do País não sejam sacrificados.
Nonato Guedes, com agências