Foram seis votos favoráveis à permanência do presidente Michel Temer no cargo, manifestados por integrantes da bancada federal da Paraíba na Câmara, durante a sessão de ontem. O “cordão” dos governistas foi puxado por Aguinaldo Ribeiro, do PP, ex-ministro das Cidades no governo de Dilma Rousseff e hoje aliado prestigiado do governo Temer. Foi acompanhado no seu voto para barrar o prosseguimento do julgamento do presidente da República por André Amaral, que assumiu recentemente a titularidade com a renúncia de Manoel Júnior para vir ser vice-prefeito de João Pessoa, Benjamin Maranhão, do Solidariedade, Efraim Filho, do DEM, Hugo Motta, do PMDB e Rômulo Gouveia, do PSD.
Favoráveis à investigação do presidente Michel Temer diante da denúncia de corrupção passiva posicionaram-se os deputados Damião Feliciano, do PDT, Luiz Couto, do Partido dos Trabalhadores, Pedro Cunha Lima, do PSDB, Veneziano Vital do Rêgo, do PMDB e Wellington Roberto, do PR. O deputado federal Wilson Filho, do PTB, esteve ausente quando seu nome foi chamado, já altas horas da noite. Foram inúmeras as articulações em Brasília para o governo Temer chegar à vitória. O governo da Bahia exonerou deputados que exerciam secretarias para que pudessem engrossar a votação a favor do presidente, mas foi traído: eles votaram contra o presidente. Entre os 236 votos favoráveis ao relatório que rejeita a denúncia contra Temer, um chamou a atenção pela condição do votante: o deputado Celso Jacob, do PMDB-RJ. Condenado pelo Supremo Tribunal Federal, Jacob cumpre prisão em regime semiaberto pelos crimes de falsificação de documentos e dispensa de licitação cometidos enquanto era prefeito de Três Rios (RJ), em 2003.
Com um dos menores índices de popularidade da história, na casa dos 7%, Michel Temer é o primeiro presidente da história do país denunciado no exercício do cargo. Ele refutou todas as acusações e disse que a peça assinada pelo procurador Rodrigo Janot é uma “ficção”, baseada em um ato criminoso praticado por um “cafajeste” e “bandido”, em referência à gravação feita por Joesley Batista, da JBS, de uma conversa que o empresário teve com o presidente no porão do Palácio do Jaburu. Com a deciaão tomada ontem pela Câmara, a denúncia fica congelada até o fim do mandato de Temer, em dezembro do ano que vem. A investigação, entretanto, pode prosseguir aberta e com diligências. O ministro Edson Fachin, do STF, deve decidir em breve os próximos passos da investigação. Nos bastidores do tribunal não se descarta a possibilidade de Fachin determinar o desmembramento da investigação e separar a parte relativa ao ex-assessor de Temer, Rodrigo Loures. Ele foi filmado pela PF correndo com uma mala com R$ 500 mil, o valor seria pago como propina pela JBS.
Nonato Guedes