Em entrevista que concedeu hoje pela manhã ao programa CBN João Pessoa, mediado pela jornalista Nelma Figueiredo, o senador Cássio Cunha Lima (PSDB) avaliou que a reforma política tende a ser prioritária na agenda do Congresso, inclusive, em virtude da exiguidade dos prazos legais para registro e lançamento de candidaturas com vistas às eleições do próximo ano. O parlamentar criticou o governo do presidente Michel Temer (PMDB) por não ter avançado em propostas de mudanças que foram sinalizadas ao povo brasileiro e considerou que a base de sustentação política do governo é bastante frágil, o que teria ficado demonstrado quando da votação do prosseguimento ou não da ação de investigação movida pela Procuradoria Geral da República por suposto envolvimento do mandatário em atos de corrupção passiva.
Para Cássio, o quórum que definiu pelo não prosseguimento da ação contra Temer deixou patente que a base de apoio ao Planalto está profundamente rachada. O parlamentar foi enfático ao dizer que o país enfrenta a sua mais grave e longa crise nos últimos anos, que não tem precedentes e que abrange setores essenciais como a economia, com a aceleração do desemprego, o fechamento de indústrias e a falta de perspectivas quanto a melhorias de alcance estrutural. Ele ressaltou que o presidente ainda não conseguiu se livrar, em definitivo, da ameaça de investigação e logrou um resultado favorável, ainda que apertado, na semana passada, devido à utilização do rolo compressor oficial para atrair votos no plenário da Câmara.
– Infelizmente é forçoso reconhecer que esse governo não tem o apoio da maioria da população, dos segmentos representativos da sociedade, sequer da imprensa, e se sustenta, apenas, de forma frágil, com apoio parlamentar que não lhe garante credibilidade para fazer avançar reformas como a tributária e a da Previdência Social – expressou o senador paraibano. Ele não considerou incoerente a atitude de parlamentares tucanos, como seu filho, o deputado Pedro Cunha Lima, que votaram pelo prosseguimento da investigação sobre atos atribuídos ao presidente da República. Lembrou que o PSDB concorreu com candidatura própria na eleição de 2014 que consagrou a chapa Dilma Rousseff-Michel Temer e agiu de forma exemplar ao decidir pelo afastamento do senador Aécio Neves da presidência nacional do partido, que passou a ser exercida pelo senador Tasso Jereissati (CE) quando Aécio foi afastado temporariamente do próprio mandato sob alegação de envolvimento no recebimento de propinas. Ainda agora, Cássio é de opinião que o comando tucano deve continuar sendo exercido pelo senador Tasso Jereissati, enquanto Aécio procura apresentar provas de inocência diante de acusações formuladas contra ele.
Da mesma forma, o senador paraibano entende que o presidente Michel Temer deve estar preparado para responder a denúncias que sejam formuladas envolvendo já o seu governo. “Não se pode aceitar que haja um tipo de Justiça seletiva no país para beneficiar quem quer que seja”, externou Cássio, prevendo que novas e complicadas batalhas estão por vir, o que, a seu ver, deve acarretar o imobilismo do governo do presidente Temer na implementação das reformas com que acenou ao povo brasileiro. O parlamentar se referiu, igualmente, à conjuntura administrativa na Paraíba, criticando o governo do socialista Ricardo Coutinho pelo processo de terceirização ocorrido na Educação e que avança por outros setores. Disse que os atos da administração de Ricardo não correspondem ao discurso que ele apregoa e lamentou que além de sacrificar salarialmente os servidores públicos o governo do Estado esteja executando uma política de arrocho, “cuja consequência é o fechamento de indústrias, inclusive, de grande porte, e o incremento do desemprego, atingindo, especialmente, famílias de baixa renda”.
Nonato Guedes