Enquanto o esquema governista se debate com suposta falta de opções para a disputa eleitoral majoritária de 2018 na Paraíba, a oposição se divide entre os nomes dos prefeitos de João Pessoa, Luciano Cartaxo (PSD) e de Campina Grande, Romero Rodrigues (PSDB). Ambos têm ensaiado passos para se viabilizarem como a melhor opção, enquanto, teoricamente, caciques dos dois partidos como o senador Cássio Cunha Lima e o deputado federal Rômulo Gouveia trabalham para evitar o divisionismo que poderia favorecer o esquema situacionista. Cartaxo parece agregar mais apoios na chamada frente oposicionista, pelo protagonismo na Capital e pelo fato de ter sido vice-governador, em 2009, junto com José Maranhão, completando o período administrativo de Cássio, que fora afastado pela Justiça Eleitoral.
Já houve “ruídos de comunicação” entre simpatizantes das duas pré-candidaturas e até mesmo troca de farpas entre Cartaxo e Romero, mas, também, houve atitudes e acenos de conciliação entre os dois gestores, nos últimos dias, como parte da estratégia para não beneficiar, indiretamente, o esquema governista. Não há pesquisas confiáveis, acordadas entre os dois postulantes; há levantamentos para consumo interno, produzidos de forma respectiva e, naturalmente, privilegiando um e outro, mas não chegaram a ser divulgados percentuais exatos. A composição entre os dois prefeitos é encarada como consequência natural da aliança celebrada em 2016 na disputa para a prefeitura de João Pessoa, a que se integrou, também, o PMDB, indicando o atual vice-prefeito de Cartaxo, Manoel Júnior. A mesma composição, entretanto, não se reproduziu em Campina Grande, onde o PMDB lançou candidatura própria contra Romero, que foi reeleito, enquanto este preferiu atrair o apoio do PP, teendo como vice-prefeito o ex-deputado Enivaldo Ribeiro, pai dos deputados Aguinaldo (federal) e Daniela (estadual).
O senador Cássio Cunha Lima tem sido extremamente pragmático na manifestação sobre o cenário eleitoral para 2018. Ele, que concorreu ao governo em 2014 contra Ricardo Coutinho, sendo derrotado, já contemporizou quanto a abrir mão de uma suposta candidatura natural sua ao Palácio da Redenção, admitindo que o contemplado seja o prefeito Romero Rodrigues. Mas tem insistido, informalmente, na tese de que a oposição deve tentar a unidade de forças, diante da perspectiva de que uma dispersão viesse a beneficiar o esquema governista. Há preocupação, ainda, em acomodar situações políticas locais, já que houve enfrentamentos na disputa de prefeito em 2016. O senador José Maranhão, presidente do diretório regional do PMDB e considerado eterno candidato a governador dentro do partido, mantém silêncio estratégico a respeito das articulações, atento, como ele mesmo, à evolução dos fatos e ao desdobramento da conjuntura nacional, que ainda estaria indefinida. O PMDB paraibano, teoricamente, seria beneficiado com uma vitória de Cartaxo ao governo diante da ascensão de Manoel Júnior à prefeitura da Capital do Estado, com chance de concorrer à reeleição. Este é o trunfo com que Cartaxo conta para persuadir o PMDB a apoiá-lo na disputa ao governo do Estado, mas fontes ligadas a Maranhão previnem que haverá necessidade de conversas mais profundas em torno das opções que estão sendo colocadas.
Nonato Guedes