Às vésperas de deflagrar uma “caravana pelo Nordeste”, programada para ter início no próximo dia 17, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) mandou um recado aos adversários simulando bravata: “Estou com muita disposição e energia. Eles (os opositores) ainda vão ter que me aturar por mais tempo. Se eu não puder ser candidato (a presidente da República em 2018) serei um grande cabo eleitoral do PT nas eleições”, pontuou ele, admitindo, pela primeira vez, a hipótese de ter a elegibilidade complicada como reflexo da condenação imposta pelo juiz Sergio Moro e que está sendo contestada pelos seus advogados.
O recado de Lula foi dirigido, especialmente, à militância petista, dentro da estratégia de voltar a motivá-la para os embates futuros, já que filiados ao partido sinalizam que vão cruzar os braços, decepcionados com escândalos como os do mensalão e petrolão, que envolveram cabeças coroadas do petismo. O ex-presidente comparou o Partido dos Trabalhadores, por ele fundado na década de 80 no ABC paulista, à Fênix (figura da mitologia grega) “que renasce das cinzas”. O ex-presidente teve o cuidado de evitar caracterizar seus discursos em Jundiaí e Franco da Rocha, no interior de São Paulo, como alocuções de pré-campanha eleitoral, definindo-os como parte da ofensiva partidária para denunciar o governo do presidente Michel Temer e os retrocessos que ele estaria ocasionando a conquistas dos trabalhadores.
Lula, como de hábito, pôs-se no papel de vítima e anexou o PT ao figurino, alertando que a agremiação sofre um processo contínuo de tentativa de destruição movido pelos que tiveram interesses contrariados durante as administrações petistas, incluindo as de Dilma Rousseff. Aos 71 anos de idade, Lula comparou: “Os meus opositores devem estar dizendo que eu insisto em encher o saco deles. Eu respondo que eles ainda vão ter que me aguentar por muito tempo”. O ex-presidente observou que a “orquestração” vem sendo sustentada contra o PT desde o nascedouro, quando foi fundado no colégio Sion, em São Paulo e que, mesmo assim, esses opositores não lograram dinamitar o capital político-eleitoral do PT. Salientou que a viagem a vários Estados do país é uma oportunidade para aprofundar seu conhecimento sobre as demandas do povo na atual conjuntura e recolher sugestões sobre metas que devem ser colocadas em prática para fazer o País retomar o desenvolvimento.
A Paraíba figura no roteiro da programação que Lula cumprirá no Nordeste e há uma expectativa de próceres petistas locais de que o governador Ricardo Coutinho (PSB) prestigie a passagem do ex-presidente pelo Estado. Ricardo acompanhou Lula e Dilma na visita informal às obras de transposição de águas do rio São Francisco na região do cariri paraibano, mas não há confirmação de que o governador participe de algum palanque a ser montado no roteiro em fase de elaboração. Um primeiro mal-entendido já foi gerado pela vinda de Lula, diante das versões de que a Universidade Federal da Paraíba iria outorgar-lhe o título de “Doutor Honoris Causa”. Depois de manifestações, até de protesto, ontem, nas redes sociais, a reitoria da instituição achou por bem esclarecer que não há nada programado a esse respeito. A direção estadual do Partido dos Trabalhadores, por sua vez, atuou no sentido de desfazer mal-entendidos sobre eventual pressão junto a dirigentes da UFPB.
Nonato Guedes, com agências