O presidente da República, Michel Temer, solicitou ao Supremo Tribunal Federal a suspeição do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, cujo comportamento supostamente viria extrapolado limites constitucionais e legais que o cargo impõe, sobretudo no episódio de denúncias sobre casos envolvendo o mandatário peemedebista. Janot está com os dias contados no exercício do cargo, já que não foi reconduzido ao posto por Temer, que preferiu nomear a subprocuradora Raquel Dodge. A petição foi entregue ao Supremo por Antônio Cláudio Mariz, advogado de Temer, que pontuou: “Não estamos, evidentemente, diante de mera atuação institucional”.
De acordo com fontes ligadas ao Palácio do Planalto, o objetivo da equipe de advogados do presidente é o de impedir que janot atue em ações contra Temer. Para a defesa do presidente, a motivação de Janot é de natureza pessoal. “Estamos assistindo a uma obsessiva conduta persecutória”, admoestou Mariz. O embate entre Temer e o procurador geral teve início em maio deste ano, tendo como pivôt a delação premiada de sete executivos da JBS. O empresário Joesley Batista gravou o presidente Temer no Palácio do Jaburu, áudio que fez parte da colaboração junto a procuradores. Após revelações feitas pelo grupo, Janot abriu investigação sobre Janot e o denunciou por corrupção passiva, o que foi barrado na Câmara dos Deputados.
No último dia dois, Janot pediu ao ministro Edson Fachin para deslocar a suspeita de envolvimento em organização criminosa do inquérito da JBS, aberto em maio, para outro mais antigo, que investiga políticos do PMDB e aliados, o chamado “quadrilhão”. A bancada peemedebista na Câmara dos Deputados é suspeita de ter atuado como uma organização criminosa que lesou a Petrobras e a Caixa. Para investigadores, Temer, que era deputado federal até assumir a vice-presidência em 2011, participava dos esquemas desse grupo. O inquérito que apura o grupo foi aberto em outubro passado após uma cisão do “inquérito-mãe” da Lava Jato que tratava do loteamento de cargos da Petrobras por PP, PT e PMDB. Entre outros investigados figuram os ex-deputados Henrique Alves (RN) e Solange Almeida (RJ) e o deputado Aníbal Gomes, do Ceará, todos do PMDB, além do ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha, e do corretor Lúcio Funaro.