Após reunião da Executiva Nacional do PSDB em Brasília, o presidente em exercício da legenda, Tasso Jereissati (CE), afirmou que o partido irá defender a adoção do Parlamentarismo a partir de 2022, explicando que não será a solução para a atual crise que afeta o governo federal e algumas instituições, mas que é a saída mais clara para que não se continue a ter um impasse a cada dois anos. Para ele, na prática, o Brasil já está vivendo um sistema parlamentarista, com influência decisiva de partidos e congressistas em decisões do governo Michel Temer. O encontro durou cerca de três horas e meia e debateu inúmeros outros temas, como a relação com o governo Temer, que provoca divisões internas.
De imediato, o PSDB propõe que a reforma política em tramitação no Congresso aprove a adoção do voto distrital misto como transição para o parlamentarismo. A legenda é favorável à cláusula de barreira, ao fim da coligação proporcional já para 2018 e ao voto distrital misto. O senador Tasso Jereissati frisou não acreditar que seja necessário um plebiscito para a implantação do parlamentarismo no futuro. Em 1993, a ideia foi rejeitada pela população e, conforme o dirigente tucano, há setores do PSDB que defendem uma consulta popular.
O senador frisou que a legenda não tem posição quanto ao modelo de financiamento de campanhas eleitorais que deverá ser aprovado. A proposta que tem mais força é a da criação de um fundo público com R$ 3,5 bilhões para financiar as campanhas, mas há políticos que estão defendendo o retorno de doações empresariais, proibidas desde 2015 pelo Supremo Tribunal Federal. Para esse caso específico, Tasso defendeu a realização de plebiscito. Ele minimizou a divisão interna tucana e garantiu que não se arrepende de ter defendido o “desembarque” do governo de Michel Temer. O partido mantém quatro ministros na gestão do peemedebista mas forneceu 21 votos pela abertura de uma denúncia contra ele no plenário da Câmara. “O PSDB está unido mas o partido não tem dono. Aqui, as coisas são decididas democraticamente, e nas discussões sempre aparecem opiniões divergentes”.
O senador Aécio Neves, licenciado da presidência da legenda, afirmou que a questão do desembarque ou não do governo Temer está superada. Ele e Tasso comentaram o vídeo de campanha lançado pelo partido com uma autocrítica das ações da sigla, mas evitaram listar quais seriam os erros cometidos pelo PSDB. “Todos os partidos políticos estão no momento de reflexão, numa tentativa de reconexão com a sociedade. Não dá para tapar o sol com a peneira”, adiantou Tasso.