O suplente de deputado Aníbal Marcolino tomará posse no mandato titular na Assembleia Legislativa na próxima terça-feira, mas de antemão jogou água fria na expectativa de reforço da bancada que faz oposição ao governador Ricardo Coutinho: ele anunciou que chegará à Casa para votar alinhado ao governo do seu desafeto até pouco tempo. Aníbal é filiado ao PSD, partido do prefeito de João Pessoa, Luciano Cartaxo, de quem revelou mágoas. Ele revelou que pretende deixar a legenda e criticou a articulação do prefeito da Capital para acomodar o suplente de vereador Marmuthe Cavalcanti.
Aníbal será investido com a licença do deputado Jullys Roberto, do PMDB, que fará uma cirurgia corretiva. Ele disse que seguirá a orientação do titular do mandato para votar em sintonia com o governo Ricardo Coutinho e acusou o prefeito Luciano Cartaxo de agir sob interesses particulares. “Não voto em Luciano Cartaxo de jeito nenhum”, desabafou o suplente Aníbal Marcolino. Quando exerceu efetivamente o mandato na legislatura passada, ele se destacou como um dos mais ferrenhos adversários do governador Ricardo Coutinho – postura que já havia adotado na Câmara de João Pessoa quando o líder socialista era prefeito da Capital.
Ao comentar a mudança de atitude, Aníbal Marcolino “plagiou” o líder do governo ricardista na Assembleia, Hervázio Bezerra: “Quem tem ideia fixa é doido. Eu tenho juízo”. Por outro lado, a deputada Daniella Ribeiro, do PP, denunciou, ontem, suposta interferência do Executivo no Legislativo paraibano, “tentando enganar os deputados e legislar no lugar deles”. Ela se referiu a uma manobra executada pelo governo ao enviar à Assembleia a Medida Provisória 263 tratando de cinco assuntos diferentes. “O governador fez um combo numa tentativa de burlar, enganar e legislar”, enfatizou Daniella, para quem Ricardo jamais poderia enviar aos deputados uma MP contendo cinco temas diferentes.
A Medida Provisória dispõe sobre a transferência de informações sigilosas no âmbito da secretaria da Receita, altera dispositivos legais como estratégia para prorrogar o programa de recuperação fiscal do Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA). A deputada entende que cada alteração de lei deveria ser discutida de forma separada, uma a uma. A prorrogação do Refis é relevante, de acordo com a deputada, porque termina no próximo dia 31, mas as alterações propostas em outras leis não são urgentes, como alega o governo. O líder governista Hervázio Bezerra rebateu as acusações de Daniella Ribeiro e explicou que o governo enviou a MP à Assembleia para contemplar grande parcela da população com a prorrogação do Programa de Refinanciamento de Dívidas. “O governo está em sintonia com o povo”, expressou ele, sendo apoiado pelos deputados Adriano Galdino e Antônio Mineral, que rebateram, igualmente, o deputado Renato Gadelha, que acusou o governo de usar de forma eleitoreira o fim do racionamento de água em Campina Grande. “A oposição está perdida e não tem qualquer credibilidade para atacar o governo Ricardo Coutinho”, disse Adriano Galdino.
Nonato Guedes