Suspenso, por 60 dias, pela direção nacional do PMDB, por ter votado a favor da denúncia para investigação do presidente Michel Temer por suposta corrupção passiva, o deputado federal paraibano Veneziano Vital do Rêgo lamentou o comportamento da cúpula. “Foi uma extrema guinada de um partido que se fez forjado a partir de lutas democráticas, num partido autoritário”, expressou Veneziano. Além de Veneziano, o Palácio do Planalto deverá retaliar os deputados Celso Pansera (RJ), Laura Carneiro (RJ), Sérgio Zveiter (PE), Jarbas Vasconcelos (PE) e Vítor Valim (CE).
Os cargos até então controlados por pessoas ligadas aos parlamentares considerados “infiéis” serão distribuídos regionalmente, ou seja, com integrantes do Centrão que votaram favoravelmente ao presidente Michel Temer. Todo o empenho está sendo desenvolvido pelo presidente Michel Temer para tentar reorganizar a base aliada diante de uma nova denúncia que deverá ser apresentada até o início de setembro pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, desta feita acusando o mandatário de obstrução judicial. Para Veneziano Vital, que está irresignado com a punição, a atitude da agremiação desconhecendo a capacidade de convencimento dos seus membros nunca foi prática na sua história, mas agora está incorporada ao roteiro do partido.
A cúpula peemedebista argumenta que havia fechado questão para que os seus filiados votassem pela rejeição da denúncia formulada contra o presidente da República. Na semana que vem, o Planalto deverá acelerar as trocas no segundo e terceiro escalões em outros partidos da base aliada. Está sendo analisado minuciosamente um mapa de votação preparado pela liderança do governo na Câmara dos Deputados, que mostra 20 traições de última hora. Na lista estão, por exemplo, os deputados Sérgio Reis (PRB-SP) e César Halum (PRB-TO). O presidente ainda não definiu se também tirará cargos do PSDB, considerado o principal fiador do governo e que atualmente está dividido sobre o apoio ao presidente da República.
O deputado Veneziano Vital do Rêgo, que foi prefeito de Campina Grande por duas vezes, comentou que vai se reunir com os demais punidos para uma atuação conjunta como resposta à punição aplicada, não deixando de ser cogitada a hipótese de desfiliação das fileiras peemedebistas. O parlamentar acredita em recurso para reverter a decisão de afastamento por parte da Executiva nacional do PMDB, mas somente deverá fechar questão após se reunir com outros deputados na próxima semana.
Nonato Guedes