O deputado federal Veneziano Vital do Rêgo, que com mais quatro parlamentares do PMDB foi punido com suspensão por 60 dias a pretexto de infidelidade por ter votado na Câmara pelo prosseguimento da ação de investigação do presidente Michel Temer, acusado de corrupção passiva, afirmou hoje em entrevista ao programa Sem Censura, da Rádio POP, de João Pessoa, que foi notificado oficialmente da sanção e se mostrou indignado com a atitude. O deputado justificou não ter tomado posição de mérito a respeito do processo contra Temer, tendo apenas se manifestado para que o assunto fosse esclarecido, inclusive, com a defesa dele. Lamentou que a cúpula nacional, como represália, tenha aplicado a suspensão, o que o afasta de atividades em comissões e no próprio diretório regional do partido, onde exerce cargo de secretaria.
Veneziano não confirmou as versões de que pretenda desfiliar-se do PMDB, notando apenas que recebeu manifestações de solidariedade, dentro do próprio partido, como a do senador Raimundo Lira e a do deputado estadual Raniery Paulino, e que por outro lado recebeu convites e acenos para filiar-se a outras agremiações, uma delas o PTB, conforme convite formulado pelo ex-senador Wilson Santiago. Ele considerou injusta, autoritária e antidemocrática a decisão tomada pela Executiva nacional do PMDB, observando que ela não condiz com a história de uma legenda que foi forjada na resistência ao arbítrio e, mais especificamente, ao golpe militar instaurado em março de 1964.
– Pessoalmente, o meu desejo é o de permanecer nas fileiras do PMDB, a despeito da injustiça que foi praticada, mas estou diante de um fato novo, que me levará a uma reflexão, dentro de prazos possíveis, sobre o rumo a ser tomado. Num primeiro momento, a minha reação foi de estupefação, inclusive, pela minha trajetória dentro do partido, que até então era proclamada, reconhecida e acatada por direções partidárias, tanto na Paraíba como em Brasília – expressou Veneziano Vital, que estranhou, também, as declarações do vice-prefeito da Capital, Manoel Júnior, endossando a medida aplicada. O ex-prefeito de Campina Grande confessou que, a rigor, não se surpreendeu completamente com a punição, diante dos rumores que vinham sendo espalhados de que haveria caça às bruxas, ou perseguição a políticos qualificados como dissidentes. “Minha atitude não foi nem de dissidência, foi bastante clara. Infelizmente, a cúpula apelou para atitudes autoritárias que não se coadunam com o histórico de lutas do partido”, acrescentou ele.
Veneziano não desmentiu as versões de que tenham sido feitas gestões, antes mesmo da punição aplicada pelo PMDB, para que ele se filiasse à liderança política do governador Ricardo Coutinho dentro do PSB. Salientou que em 2014, no segundo turno da disputa ao governo, seguindo a orientação da cúpula peemedebista no Estado manifestou apoio à candidatura do governador à reeleição. Mas, até então, vinha trabalhando com a perspectiva de cerrar fileiras em torno de uma possível candidatura do senador José Maranhão ao governo em 2018 pelo PMDB. A punição aplicada pelo diretório nacional do partido tem como reflexo imediato um reexame da situação por parte do deputado Veneziano Vital do Rêgo, mas ele espera anunciar o posicionamento o mais rápido possível, até para se sentir liberado com vistas a perseguir seus projetos pessoais nas eleições futuras, conforme ele ressaltou numa entrevista ao programa “Sem Censura”, da rádio Pop FM, ligada à Rede Paraibana de Notícias, em João Pessoa.
Nonato Guedes