A Câmara Municipal de João Pessoa realizou, na tarde desta quarta-feira (16), uma sessão solene para debater, com representantes de entidades das mais variadas religiões na Capital, a diversidade religiosa. A sessão, que se estendeu até às 18h30, foi proposta pelo vereador Eduardo Carneiro (PRTB), que não pôde comparecer devido a problemas particulares. Em razão disso, a sessão foi presidida pela vereadora Sandra Marrocos (PSB) e secretariada pelo vereador Carlão (PSDC).
Durante os debates, pelo menos dois pontos ficaram bastante claros: existem opiniões divergentes sobre a implantação, ou não, do ensino religioso nas escolas públicas e particulares, mas da mesma forma, houve o entendimento, entre os participantes, de que o desejo das pessoas de seguir determinada religião precisa ser respeitado.
Na tribuna da Casa, Sandra Marrocos, que tem como uma de suas principais bandeiras no mandato a defesa da diversidade religiosa, voltou a lembrar que o Estado é laico e que as religiões são espaços de agregação. Segundo ela, o maior desafio da sociedade é entender e respeitar, de uma vez por todas, que as pessoas e suas religiões não são maiores, nem menores. Não podemos, de jeito nenhum, desqualificar um espaço religioso, afirmou.
Na oportunidade, Sandra leu uma mensagem de Eduardo Carneiro sobre o objetivo da sessão e sua opinião com relação ao assunto. Além dos vereadores Carlão e Sandra, a sessão contou ainda com as presenças da deputada e vereadora licenciada Eliza Virgínia (PSDB), bem como de vários representantes de segmentos religiosos, como o sacerdote umbandista Sebastião Soares; o relações públicas da Comunidade Mulçumana de João Pessoa, Imãn Erickson; o pastor Robert Franca, presidente da Associação dos Pastores Evangélicos da Paraíba (APEP); o presidente do Centro Israelita da Paraíba, Hugo Alencar Borges; pastor e professor Bruno Pontes; o representante do Centro de Estudos Zen Budista, Ivonaldo Correia; o delegado de Repressão a Crimes Homofóbicos na Capital, Marcelo Falconi; o gerente executivo da Diversidade e Inclusão do Estado, Tulio Serrano; o presidente da Associação Espírita da Paraíba, Marco Lima; o coordenador do Fórum de Diversidade Religiosa da Paraíba, Saulo Gimenez; o coordenador do Ensino Religioso da Rede Municipal, Antônio Araújo, e um dos dirigentes da Federação Espírita Paraibana, Merlânio Maia.
Muitos deles participaram do 1º Encontro Paraibano de Diversidade Religiosa, evento que antecedeu a sessão solene, realizado no prédio anexo à sede do Legislativo da Capital nesta terça e quarta-feira.
Em seu pronunciamento, Eliza Virgina disse que era contra uma possível implantação de uma coordenação de diversidade religiosa. Ela repudiou, durante sua fala, o vandalismo que praticaram recentemente contra uma igreja evangélica em Tibiri, na cidade de Santa Rita. A deputada deixou bem claro que repudia também qualquer forma de intolerância religiosa. O umbandista Sebastião ressaltou que as pessoas precisam ser respeitadas, independente de formação religiosa. Já Erickson destacou que há uma diversidade muito grande de religiosidade no País e no Mundo.
Na visão do pastor Robert, a comunidade evangélica vem crescendo e não se pode fazer um debate sobre diversidade religiosa sem levar em consideração esse expressivo crescimento. Hugo Borges é contra qualquer tipo de agressão e violência a uma pessoa só por causa de sua religião. Para o professor Bruno, o ensino religioso é fundamental numa escola e os profissionais que atuam nessa disciplina são capacitados e passaram por uma universidade. O delegado Falconi bateu na tecla de que tem que haver tolerância às diferenças e respeito às pessoas.
Por sua vez, o professor Serrano lembrou que há no Brasil, especificamente na Paraíba, uma diversidade muito grande na sociedade e os estudantes precisam fazer uma reflexão com relação ao tema nas salas de aulas.
Também ocuparam a tribuna da Câmara para emitir opinião sobre o tema o representante do Diretório Central dos Estudantes (DCE) da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), Paulo Henrique; a professora universitária Rizomar Santos; a coordenadora Estadual do Movimento Brasil Livre (MBL), Saloah Sabino; o evangélico João Rufino e a advogada Laura Berquó.
Paulo de Pádua/CMJP