O prefeito de João Pessoa, Luciano Cartaxo (PSD), deverá adotar uma postura de indiferença diante da visita do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva à Capital paraibana, este mês, como parte da “caravana” que começa a percorrer o Nordeste hoje. Reeleito nas urnas em 2016, em primeiro turno, Luciano Cartaxo iniciou sua atuação partidária dentro dos quadros petistas, sendo vereador, deputado estadual, vice-governador e elegendo-se prefeito de João Pessoa, na primeira vez, em 2012. Com a ascensão de Cartaxo o PT passou a controlar a única Capital do Nordeste.
Mas já na disputa pelo segundo mandato, Luciano mudou de opção, deixando a sigla fundada pelo ex-presidente Lula e ingressando no PSD, presidido pelo deputado federal Rômulo Gouveia, aliado do senador tucano Cássio Cunha Lima. O gestor da Capital explicou sua saída do PT como consequência do desgaste ético enfrentado pela legenda a partir do escândalo do mensalão, que envolveu cabeças coroadas como o ex-ministro José Dirceu. Luciano passou a se aliar a tucanos e peemedebistas mas evita polemizar com próceres petistas locais e não fez qualquer comentário sobre o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff.
No reverso da medalha, o governador Ricardo Coutinho, que foi vereador na Capital e deputado estadual pelo PT mas se elegeu prefeito de João Pessoa já concorrendo pelo PSB, num lance estratégico surpreendente, reaproximou-se dos petistas locais e ciceroneou na Paraíba os ex-presidentes Lula e Dilma, quando eles vistoriaram obras da transposição de águas do rio São Francisco em eixos do projeto no Estado. Mais recentemente, Ricardo – que já anunciou intenção de permanecer até o último dia de mandato no governo, sem disputar cargos eletivos em 2018 – acolheu na Granja Santana a ex-presidente Dilma Rousseff, que veio fazer uma palestra sobre “Gestão Pública” na Universidade Federal da Paraíba. Agora, é aguardado o reencontro de Ricardo com o ex-presidente Lula. O governador lançou a candidatura do secretário de Infraestrutura e Recursos Hídricos, João Azevedo, à sua sucessão pelo PSB, possivelmente enfrentando Luciano Cartaxo (PSD) e (ou) o prefeito de Campina Grande, Romero Rodrigues (PSDB), que aspira a ser postulante ao Palácio da Redenção. Campina é uma das cidades incluídas no roteiro da “caravana de Lula” pelo Nordeste.
Roberto versus Lula – Há uma certa expectativa na sociedade paraibana sobre um possível confronto do ex-presidente Lula com o empresário e ex-senador Roberto Cavalcanti, proprietário do Sistema Correio de Comunicação. Roberto, ao participar de um programa jornalístico da rádio Correio FM, chamou Lula de “bandido”, o que provocou resposta deste, por telefone, de São Paulo, em entrevista à rádio Arapuan. Na ocasião, Lula desafiou Cavalcanti a abrir os microfones do Sistema Correio para uma intervenção sua e anunciou que durante a caravana gostaria de ter Roberto frente à frente com ele diante dos microfones. Em artigo publicado na edição impressa do “Correio” hoje, Roberto não comenta a visita de Lula, mas faz uma análise genérica sobre o que chama de “perda total de controle”, fenômeno que estaria sendo observado atualmente no Brasil.
– É nesse ambiente que crescem os populistas, os aventureiros que estão à espreita de oportunidade para chegar ao poder. E a história mostra que eles não são solução, são ameaça à democracia – conceituou Cavalcanti, à certa altura do seu artigo. A direção do Sistema Correio não fez qualquer menção à visita de Lula ao Estado nem teve interesse em recordar o “affair” envolvendo o ex-presidente da República e o dirigente do Sistema. Da parte do PT, também não houve alusão a fatos novos decorrentes da polêmica. Em sua página na internet, o deputado federal Luiz Couto prfeferiu fazer uma conclamação ao povo paraibano para proporcionar “uma grande acolhida ao presidente Lula”.
Nonato Guedes