O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva esteve, ontem, em cidades de Sergipe, como Estância, como parte do roteiro de visitas que empreende pelo Nordeste e que ele aproveita para criticar adversários potenciais. Lula, que ultimamente passara a centrar críticas no juiz Sérgio Moro, que o condenou a nove anos de prisão, “esqueceu” o magistrado da Lava-Jato, com quem terá audiência nos próximos dias em Curitiba. Seus alvos, agora, nas intervenções públicas feitas por ocasião da peregrinação, são o governo do presidente Michel Temer, setores da imprensa e expoentes das elites que, conforme ele, pugnam pelo atraso e sempre se colocaram contra avanços que supostamente teriam sido introduzidos na Era petista.
No que diz respeito à imprensa, o alvo preferencial do ex-presidente é a Rede Globo, mas ele passou a incluir “maus jornalistas”, sem citar nomes, insinuando que quando voltar à presidência da República esses profissionais sofrerão punições que merecem. O governo do presidente Michel Temer (PMDB), de acordo com Lula, cada vez mais revela sua “face golpista” na adoção de medidas que sacrificam conquistas da sociedade brasileira. Lula fez ataques a Temer na presença, inclusive, de governador e próceres do PMDB que o acolhem na sua passagem por Estados do Nordeste.
Numa das intervenções, Lula surpreendeu o público admitindo que talvez tenham sido cometidos erros na gestão da ex-presidente Dilma Rousseff, que o sucedeu e que foi alvo de um processo de impeachment que a afastou do cargo. Disse que possivelmente a própria Dilma, se estivesse participando da maratona pelo Nordeste, reconhecesse as eventuais falhas de gestão cometidas. Mas ele evitou atribuir erros ou omissões ao período (duas vezes) em que governou o país e no qual pipocaram escândalos como o do mensalão, envolvendo cabeças coroadas do Partido dos Trabalhadores. O ex-presidente da República tem selecionado jornalistas a quem concede declarações nas visitas que realiza. Não há registro, até agora, de entrevista coletiva a profissionais de imprensa que o acompanham, credenciados pelos respectivos veículos de comunicação.
A programação do ex-presidente pelo Nordeste segue inalterada, o que teoricamente assegura a sua chegada à Paraíba no dia 26, demorando-se até o dia seguinte, em deslocamentos por João Pessoa e Campina Grande. Os prefeitos das duas cidades são considerados hostis a Lula: o de João Pessoa, Luciano Cartaxo, que foi eleito pela primeira vez pelo PT, está filiado ao PSD e aspira a ser candidato ao governo em 2018 pela oposição estadual. O prefeito de Campina Grande, Romero Rodrigues, do PSDB, é ligado ao senador Cássio Cunha Lima, crítico contumaz do PT e dos governos Lula e Dilma. Romero ambiciona, igualmente, ser candidato ao Palácio da Redenção pelo segmento oposicionista. Além de parlamentares e militantes do Partido dos Trabalhadores, Lula espera ser acolhido na Paraíba pelo governador Ricardo Coutinho, do PSB, que se reaproximou do PT, do qual se desfiliou para evitar uma expulsão nos anos 2000. Mencionado como alternativa ao Senado nas eleições de 2018, o governador paraibano tem sinalizado com a perspectiva de permanecer no cargo até o último dia de mandato, empenhando-se, preferencialmente, pela eleição do seu candidato à sucessão, o secretário de Infraestrutura e Recursos Hídricos, João Azevedo, cuja postulação ainda não empolga os discípulos do governador e aliados de outros partidos.
Nonato Guedes, com agências