O fim de semana nas redes sociais não foi só dele apenas porque tivemos o desprazer de perder o comediante Jerry Lewis. Mas Sérgio de Castro Pinto foi destaque quase absoluto, graças às homenagens que recebeu no Agosto das Letras, evento promovido pelo governo do estado no Espaço Cultural José Lins do Rego. O evento reuniu grandes nomes da literatura e de áreas afins e rendeu loas a Sérgio de Castro Pinto, pelos seus 70 anos de vida e 50 anos de poesia.
O evento movimentou a cena cultural da cidade, apesar de escritoras como Letícia Palmeira ter admitido ausência: E eu não dei as caras no Agosto das Letras. Assim como não estive em outros eventos literários. Muito me aborrece quando vejo em mim algo que mais lamento. Seu post, provocou um desabafo-explicação do poeta e secretário de Cultura, Lau Siqueira: A maioria dos escritores, convenhamos, só comparece aos eventos quando está no centro das atenções. Mas, o Agosto não foi formatado para os escritores. Foi formatado para os leitores. Isso tem provocado reações, até mesmo em movimentos sociais. Em algumas mesas predominam os professores que trabalham a leitura literária na sala de aula. Daí, a baixa presença de escritores é compreensível.
Escritor, artista plástico e músico, Archidy Picado Filho usou da ironia para falar sobre o assunto: No meu caso, amargo a condição que a maioria dos artistas em todos os tempos da história e lugares do mundo amargaram e amargam: a incômoda atividade da mendicância artística em terra de safadões, o que não me rende condições de prestigiar ninguém que se apresente além da esquina de onde moro. Além disso, “santo de casa”, não me tem sido possível apresentar meus “milagres” literários em eventos do gênero, já que, por razões por mim desconhecidas, nunca mais fui formalmente convidado à participação em nenhum FLI – embora esteja entre os que mais produzem na cidade e no Estado.
Explicações, provocações e justificativas de parte à parte, o que fica mesmo é a importância do evento, com a presença de nomes como Salomão Sousa, Expedito Ferraz, André Ricardo Aguiar, Bruno Gaudêncio e Jairo Cézar, entre outros. E a justa homenagem a Sérgio. Como o da professora Moama Marques: Sérgio De Castro Pinto, agora, no Agosto das Letras, porque ouvir os seus ‘causos’ é (quase) tão bom quanto ler os seus versos.
No contraponto das homenagens a Sérgio de Castro Pinto, a lamentação pela morte do comediante Jerry Lewis. Ele morreu na manhã de ontem, em Las Vegas. Nas redes sociais, não foram poucas as homenagens ao grande artista. Não era para ser um domingo triste. Mas é. Porque já não temos Jerry Lewis, lamentou o jornalista Nonato Guedes. O poeta Johniere Alves Ribeiro escreveu: Fazia a 6ª série do Ensino Fundamental II ( por volta de 1995) quando colei no caderno de capa dura uma foto de Jerry Lewis parecida com essa. Personalizei meu caderno com humor, típico daquela minha época. Hoje e sempre colo essa imagem na memória. ADEUS REI DO HUMOR.
O jornalista e crítico de Cinema, Renato Félix, resumiu com inteligência a importância de Jerry Lewis para o cinema: Jerry Lewis sofreu o mesmo preconceito que a maioria dos cômicos sofreu. Levou muito, muito tempo para ser “levado a sério”. No seu auge, era considerado só um careteiro que era campeão de bilheteria com um cinema de segunda categoria. Como sempre, embora sempre se diga como fazer comédia é difícil, na hora do vamos ver, raramente se dá a ela o mesmo status artístico que ao drama. Não sem surpresa, foram os franceses que já o viam de maneira diferente. Devem ter notado seu tempo cômico muito preciso – não só como ator, mas sobretudo como diretor. Lewis, quando passou a dirigir seus filmes, assumia riscos interessantes. Já um superastro, fez um filme em que praticamente não diz uma palavra (“O Mensageiro Trapalhão”, 1960). E o filme “não tem história”, como ele mesmo se apresenta.
Linaldo Guedes