Monalysa Alcântara, de 18 anos, foi o tema central em muitas discussões que rolaram nas redes sociais nesta segunda-feira. Ela foi a terceira negra a ser eleita Miss Brasil, no concurso realizado sábado. Sua vitória gerou comentários preconceituosos, pelo fato de ser negra e nordestina. E, claro, também provocou postagens defendendo ela das opiniões racistas. Alguns dos que criticaram sua premiação, acusaram Monalysa de vitimismo. Outro internauta foi mais longe: Cara de empregada. Não era para ta ai.
Na Paraíba, os usuários das redes sociais deram o troco aos racistas. Nunca tive interesse por concurso de miss. Mas, hoje, temos uma Miss Brasil linda e com a cara do nosso País. Show de bola, garota. Vai lá e traz o Miss Universo para nós, afirmou o jornalista Fernando Patriota. Para o professor Ivaldo Gomes, a falta de educação do povo brasileiro provoca o preconceito, intolerância e ódio. A poeta Jô Alves disse: Morram de inveja ela é um show. Mereceu!.
A professora do curso de Letras da Universidade Federal da Paraíba, Vanessa Riambau Pinheiro, fez uma análise mais aprofundada do tema: A miss Brasil, que na minha opinião é a mais bonita dos últimos anos, representa a brasilidade simplesmente porque 54% da população brasileira é NEGRA. Ainda assim, apenas 3 negras foram eleitas após décadas do concurso. Preguiça dessa polêmica dos que defenderam a vitória da segunda colocada, uma gaúcha muito bonita mas que se engasgou toda na hora de falar! Desenvoltura também conta nesses concursos. Além de atitude, o que a piauiense tem de sobra. Agora, se o padrão de beleza de algumas pessoas se restringe ao caucasiano, estas é que deveriam rever seus limitados conceitos. (Em tempo: existe um preconceito sulista nestes comentários depreciativos também, já que no ano passado a miss eleita era negra mas paranaense, o que evitou a discriminação explícita. Negra e nortista desbancando uma gaúcha branca de olhos claros é demais para esse povo metido a besta).
Outro assunto, mas na mesma linha segregacionista, também movimentou as redes sociais no dia de ontem. É o caso do símbolo da supremacia branca dos Estados Unidos exibido em evento no interior da Paraíba. Em encontro de motociclistas realizado na cidade de Patos, na Paraíba, no sábado, 19, o vocalista da banda Rockadillac, que se apresentou no evento, segurava a bandeira símbolo de segregação racial, usado em atos públicos que deixaram três mortos na jornada de violência provocada por grupos racistas norte-americanos recentemente. O fato gerou protestos. Preocupante, definiu o professor Carmélio Reynaldo. Jennifer Trajano, professora, comentou: Como chama aquele sentimento que fica entre a tristeza e a revolta? É o que estou sentindo.
Por Linaldo Guedes